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Foto: CBF |
UNANIMIDADE SABIDA
CLAUDEMIR GOMES
As palavras têm força. Isto é
fato. A depender de quem as proferem, elas irão reverberar, ou não.
Recentemente o empresário Ronaldo Nazário – conhecido quando jogador como
Ronaldo Fenômeno – tentou ser candidato de oposição nas eleições da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), e foi surpreendido por um uníssono NÃO
dos 40 clubes que disputam as Séries A e B, e das 27 Federações Estaduais que
têm direito a voto. O Fenômeno cuspiu fogo e colocou a boca no trombone.
Por se tratar de uma
celebridade no futebol mundial, as palavras de Ronaldo ecoaram, ganharam as
redes sociais e viraram pautas, embora muitos jornalistas e formadores de
opinião surfem no mar de lama da CBF. Neste final de semana, um dos assuntos
dominantes do jornalismo nacional é a matéria publicada pela Revista Piauí,
edição 223, de autoria do jornalista Allan de Abreu, com o título: “COISAS
EXTRAVAGANTES” – Uma radiografia da gestão de Ednaldo Rodrigues na CBF.
A matéria é uma mostra
generosa de como funciona a máquina do futebol brasileiro. Mas nada disso é por
acaso. Afinal, na última eleição da entidade, o baiano Ednaldo Rodrigues foi
eleito por unanimidade sob aplausos dos clubes e das federações estaduais. Um
show!
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Cumprimentos dos dirigentes ao presidente da CBF (Foto: CBF) |
A expressão – “É praxe” –
utilizada pelo presidente da CBF para explicar o “Trem da Alegria” que a
entidade levou para assistir à Copa do Catar, abrigando 49 convidados sem
nenhuma relação direta com a entidade, é uma prova cabal da inversão de valores
que norteia o nosso país, uma nação que se embriaga facilmente com a mordomia.
Críticas? Isso é coisa de um jornalismo ultrapassado.
Recentemente fui convidado
pelo jornalista e amigo Beto Lago, para participar de um podcast onde o
protagonista central era o vice-presidente executivo do Sport, Rafhael Campos,
executivo de primeira linha, CEO de um dos maiores grupos empresariais do
Estado. Em dado momento da entrevista, fiz uma crítica à CBF, da qual Rafhael
discordou fazendo rasgados elogios à entidade que rege o futebol brasileiro.
Trocando em miúdos, o
vice-presidente leonino, ressaltou o bireaux de negócios no qual foi
transformada a entidade. Segundo a revista Piauí, o faturamento da CBF é em
torno de um bilhão por ano. O presidente tem um ganho de um milhão por mês. Os
presidentes de federações passaram a receber R$ 250 mil. Antes recebiam R$ 50
mil.
E o futebol?
Quem pensa nele como a arte
que os brasileiros dominavam como ninguém?
Virou detalhe.
Estamos em tempo de futebol
bet. Dinheiro no bolso e voto garantido.
E a Seleção?
Seleção serve para a formação
do Trem da Alegria. A bordo senadores, deputados, jornalistas, cantores,
influencer... “É praxe”.
Sempre foi assim.
“Pra frente Brasil, salve a
Seleção!”
E o pau cantando.
Por medo, ou por dinheiro.
Mudam as tintas e os pintores,
mas o cenário é o mesmo.
O mestre Nelson Rodrigues
disse certa vez que, “toda unanimidade é burra”.
A unanimidade de clubes e
federações na eleição da CBF não tem nada de burra. É sabida demais.
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