SPORT

 

Fadistas portugueses (Foto: Hermes de Paula/Divulgação)


NO RITMO DO FADO



CLAUDEMIR GOMES



O amigo, Fábio Gondim, me enviou uma mensagem dizendo que estava no aguardo de um artigo sobre o atual momento do Sport.

Fábio é rubro-negro raiz. E carrega consigo as boas recordações da época em que o Sport anunciou a contratação de Luciano Velozo, em pleno carnaval, como o Craque Ressaca. Luciano que era conhecido como A Maravilha do Arruda. E o Craque Ressaca foi só alegria para a grande torcida leonina, assim como todo o Supertime da Ilha que tinha Dario, Assis Paraíba, Tobias, Tovar, Djalma Linhares...

Passados 50 anos, isso mesmo, meio século, o presidente Jarbas Guimarães segue festejado como um dos melhores comandantes da história do Clube da Ilha do Retiro. Afinal, sua ousadia pôs um ponto final a um jejum de doze anos sem que o Sport conquistasse um título do Pernambucano.

“Sport 75! Vinte vezes campeão”.

Essa página feliz da história do Sport começava com um presidente ousado, arrojado e destemido que sabia montar as peças no tabuleiro. E com um treinador super conhecedor da matéria de nome, Davi Ferreira, ou simplesmente, Duque.

Val! O taxista que tem sempre uma piada pronta para gozar com os rubro-negros, me disse que, “com a Peppa o Sport não vai a lugar algum”.

Os ensaios de Pepa nem sempre dão certo (Foto: Reprodução Globo Esporte) 


No que eu retruquei: “O Pepa”. Sorrindo ele apimentou: “É que o time dele está mais para desenho animado, sendo assim é a Peppa”.

A Peppa é um personagem infantil criado pelos cartunistas britânicos, Neville Astley e Mark Baker.

Acho que o problema do Sport está no idioma. O português de Portugal difere do português do Brasil. Eis a razão pela qual a equipe leonina está sendo chamada de negação, ou seja, não tem nada: dinâmica, ritmo, garra, padrão de jogo. A impressão que temos é que venderam gato por lebre ao presidente.

Alguns analistas asseguram que a questão é o ritmo musical: O Sport, por tradição, sempre jogou no ritmo do frevo. O time do Pepa joga ao ritmo do fado. Um fado que não chega a ser o da Amália Rodrigues, que encantou o mundo inteiro. É um fado enfadado.

Quando o time do Sport retornou do Mato Grosso, onde foi desclassificado da Copa do Brasil pelo modesto Operário, o presidente Yuri Romão cochichou no ouvido de Pepa: “Não se preocupe. Vença o Decisão no domingo que no resto do carnaval a torcida vai cantar - É dos carecadas que elas gostam mais”.

Pepa não foi na conversa do presidente, e recorreu ao Ponto de Interrogação do saudoso Gonzaguinha: “É preciso ter consciência do que eu represento nesse exato momento”.

Em 1975, para comemorar o anúncio do Craque Ressaca, para o Supertime da Ilha, Fábio Gondim passou na Itaity de Carol Fernandes, pegou o jovem Anacleto e foram encontrar Antiógenes Tavares para tomar umas doses de whisky no Bar de Zezinho. Depois, como não tinha Lei Sêca, se danou pra Nazaré da Mata onde brincou o carnaval no Condor.

Não se travestiu de Peppa, pois na época não existia. Preferiu vestir sua camisa listrada nas cores vermelha e preta. Onde passava a turma gritava: “sossega leão, sossega leão!”.

Há 50 anos o frevo não abria alas para o futebol nem a pau.


 

Comentários