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Foto: Reprodução |
Timbu
Coroado leva timbuzada à rua no Carnaval
LENIVALDO
ARAGÃO
A primeira música de que se tem notícia, feita para homenagear o
Náutico, é o Timbu Coroado, surgido na década de 30 do século passado. Trata-se
originalmente de um maracatu composto por três remadores alvirrubros, o
pianista Edvaldo Pessoa e mais Turco, também conhecido por Carioca, e Jair Raposo
Os remadores alvirrubros tinham seu maracatu, o Timbu Coroado, que
ainda hoje desfila, no domingo de carnaval, por ruas adjacentes ao clube, no
bairro dos Aflitos. Antigamente o desfile era pelo centro da cidade, saindo da
garagem de remo, localizada inicialmente na Rua Clube Náutico Capibaribe e
depois, na Rua da Aurora, junto do Clube Almirante Barroso, onde está ainda
hoje.
De maracatu passou a troça, cresceu muito em volume de foliões e
atualmente já é considerado um bloco. Só que perdeu a originalidade. A música
que há quase cem anos lhe serve de hino oficial, tem uma ligeira gozação aos
remadores rubro-negros, com quem os alvirrubros ainda hoje se debatem nas águas
do Rio Capibaribe, amado e louvado por todos os pernambucanos, principalmente
os recifenses.
O
pianista Edvaldo Pessoa, um dos três autores, meu contemporâneo na saudosa RÁDIO
CLUBE DE PERNAMBUCO , a Pioneira, disse-me
certa vez, numa reportagem:
–
Compus o Timbu Coroado entre os anos 1938 e 1940, com Jair Raposo e Samuel
(também conhecido como Turco), um carioca que vivia aqui e que remava com a
gente. Fizemos a música a toque de caixa, na nossa garagem, que ficava junto de
onde é hoje o Cinema São Luís. Era de lá que o Timbu Coroado saía. O pessoal
decorou logo e saiu cantando. Foi um sucesso. Falamos em acordar cedinho porque
remador treina de madrugada. Vejamos a letra:
O nosso bloco é mesmo
infezado (sic)
É o timbu, é o Timbu
Coroado
Desde cedinho já está
acordado
É o timbu, é o Timbu Coroado
Entre no passo, que esse
passo é de amargar
Essa turma é mesmo boa e
no frevo quer entrar
Não queira bancar o tatu
Eu conheço seu jeito,
você é timbu
Esse negócio de casá,
casá, casá
É conversa pra maluco
Ninguém quer se amarrar
Timbu sabe isso de cor
Casar pode ser bom
Não casar é melhor.
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Timbu Coroado em 1942 (Arquivo do Blog) |
BURUÇU EM CIMA DA PONTE
Eram constantes as
desavenças entre remadores dos dois clubes, após alguma competição, com a turma
se digladiando ainda dentro d’água. Essa rivalidade um dia chegou ao Carnaval. Foi
em 1969. O Náutico havia sido hexacampeão pernambucano no ano anterior (1963 a
1968), tendo decidido o sexto campeonato com o Sport e conquistado um título
que ainda hoje é festejado em verso, prosa, música e lorota por sua torcida. Título
esse que foi perseguido infrutiferamente pelo Santa Cruz, pentacampeão em
1969-1973, e pelo Sport duas vezes, em 2006-2010 e 1996-2000. Todavia, ambos
tiveram que se contentar com o pentacampeonato.
Naquele
Carnaval, um torcedor do Náutico, entre muitos que acompanhavam a turma do
Timbu Coroado, aproveitou uma charge publicada pelo extinto DIÁRIO DA NOITE, quando
o Alvirrubro foi tetracampeão em 1966, com uma goleada de 5 x 1 sobre o
histórico rival. Tratava-se de um leão miando, com o resultado do jogo decisivo
em destaque. O aficionado timbu conduzia a página do vespertino da então EMPRESA
JORNAL DO COMMERCIO, como um precioso e ao mesmo tempo insultuoso estandarte.
Os dois maracatus encontraram-se em plena Ponte Duarte Coelho, no centro da
cidade, quando alguém do Leão Coroado achou de rasgar a charge. Houve um
tremendo buruçu, com gente se engalfinhando e gente correndo para sair da
confusão.
Timbu
Coroado, além de ser o nome do bloco alvirrubro, é um frevo-canção que durante
muitos anos teve o significado de hino oficial para os torcedores do Náutico.
ATÉ PAI EDU
Em 1967, com o Náutico em pleno apogeu, a dupla
Ziul Matos e Nelson Ferreira voltou a produzir um frevo-canção, feito
especialmente para ser gravado pelo pai-de-santo Edu. O Alvirrubro havia sido
pentacampeão, e o conhecido macumbeiro dizia-se responsável pelo feito, pois
estava sendo sempre requisitado pelo técnico Duque para fazer uma ‘limpeza’ no
elenco. Eis a música:
Dei o bi
Dei o tri
Dei o tetra
E o penta chegou
Ene-a-u-tê-i-cê-o, gol
É gol, é gol, é gol
O vermelho é bravura e destemor
O branco é paz e é amor
Mas as duas cores juntas
Têm uma nova dimensão
Atenção, futebol do Brasil
Ene-a-u-tê-i-cê-o
Náutico, Náutico
Náutico é pentacampeão
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