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CLAUDEMIR GOMES
Sábado – 07/12/2024 – li no Blog
Dantas Barreto, que a Prefeitura do Recife estaria abrindo processo licitatório
para a privatização do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (Geraldão). Confesso
que, de imediato incorporei a notícia ao poema – O dia da criação – de Vinicius
de Moraes: “Porque hoje é sábado...”.
Não me considero saudosista,
pelo contrário, sigo o pensamento do grande filósofo Heráclito de Éfeso: “Nada
é permanente, exceto a mudança”. Mas para quem assistiu à pomposa inauguração
do ginásio multiuso, no final de 1970, com a Taça Jules Rimet,
recém-conquistada para sempre pelos craques do futebol brasileiro servindo de
atração, embarca numa viagem de grandes lembranças.
O equipamento foi, durante muitos
anos, o destino dos grandes espetáculos esportivos, culturais e religiosos
realizados na capital pernambucana. Colocou o Nordeste na rota das grandes
produções nacionais e internacionais.
O que de melhor havia pelo
mundo afora era trazido para se apresentar no Geraldão. Em recente livro, o
jornalista Beto Lago conta, e ilustra com um espetacular acervo fotográfico, a
história do ginásio que já fez o Recife pulsar.
Mas as mudanças são constantes.
Com mais de meio século de existência, o Geraldão começou a sofrer
concorrências: sinais dos tempos. Equipamentos como o Centro de Convenções de
Pernambuco, Classic Hall...Aliado ao surgimento de novas alternativas para
promoção de grandes espetáculos, temos de considerar as mudanças de hábitos e
comportamentos.
Reformas foram feitas no
sentido de colocar o “gigante” em sintonia com o novo tempo. O equipamento ficou
fechado por mais de sete anos, numa prova inconteste das dificuldades
encontradas pela Prefeitura do Recife de administrá-lo. Exceto como cabide de
emprego, o Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães perdeu o seu encanto. O alto
custo da manutenção de um equipamento que atualmente abriga raros espetáculos
colocou em xeque as últimas gestões.
O repasse para a iniciativa
privada, com previsão de investimento na ordem de R$ 228 milhões, num período
de 35 anos, é a saída encontrada pela Prefeitura do Recife, que de forma
honesta e transparente, reconhece sua incapacidade de gerir equipamento tão específico.
Dentro da sugestão de repasse, a Prefeitura do Recife ficaria com direito ao
uso das quadras externas e piscinas, dando sequência ao trabalho das escolinhas
existentes, assim como, ao uso da quadra interna por uma quantidade de dias a
cada ano. Mas isso são detalhes a serem discutidos.
A privatização do Geraldão vem
sendo anunciada desde o ano passado. A primeira proposta – março de 2023 – dava
conta e um contrato de 20 anos de duração com previsão de R$ 175 milhões de investimentos.
Em abril de 2024 foi publicada a notícia onde o contrato teria uma duração 35
anos com investimentos na ordem de R$ 312 milhões. Por último, em matéria vinculada
no Diário Oficial, o contrato terá uma duração de 35 anos com investimentos na
ordem de R$ 228 milhões.
O Geraldão cumpriu bem sua missão.
Com um passado memorável, reconhecemos que é inviável o equipamento seguir
sendo administrado pela iniciativa pública.
É torcer para que o palco de
tantas manifestações, de várias religiões, encontre o caminho da salvação.
Mudanças são necessárias e inevitáveis.
Isto é fato.
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