Foto: Reprodução Jornal Lance |
Em tempos idos, a comemoração
de um título de campeão durava alguns dias. Depois de passada a ressaca das inúmeras
recepções a que os jogadores compareciam, havia o jogo da entrega de faixas. E
o adversário do campeão fazia o maior esforço para estragar a festa, o que o
mais das vezes acontecia.
Foi o que ocorreu com o
Botafogo, que teve sua glória de campeão brasileiro, título que perseguia havia
29 anos, machucada pelo Pachuca. Este, 16º colocado entre os 18 participantes
do Torneio Apertura 2024-2025 da Liga Mexicana, na teoria seria um passeio para
o campeão do Brasil, embora tenha levado a Doha, no Catar, como cartão de
visitas, o laurel da recente conquista invicta da Liga dos Campeões da Concacaf de 2024. Na realidade, não
era uma equipe qualquer.
Os
jogadores do clube da Estrela Solitária ainda não haviam despertado de seu
sonho do duplo triunfo, na Libertadores e
no Brasileirão, e já no dia seguinte ao rebuliço causado pela obtenção do troféu nacional, estavam num
avião, segundo eles, não tão confortável, como a situação exigia. Não se
tratava de uma viagem qualquer, mas de um voo de 15 horas, cobrindo o percurso
de 11 mil e 478 quilômetros entre Rio de Janeiro e Catar, nos Emirados Árabes
Unidos. E ao chegar, treino.
Essas alegações, quando
apresentadas pelos atletas botafoguenses, parecem uma desculpa esfarrapada, mas
não são. O desgaste deve ter pesado na equipe, que não tivera o necessário
descanso para uma campanha tão árdua como aquela da qual havia saído.
Possivelmente, o velho
Botafogo tirasse de letra. Para quem não sabe ou não se lembra, o grito de “olé”,
característico das touradas, foi transportado para o futebol pela torcida
mexicana. Num encontro do Glorioso com o River Plate, da Argentina, no país
asteca, a galera saudava com o tradicional brado que marcava as filigranas do
toureiro diante das investidas do touro brabo, a cada drible que o fenomenal
Garrincha dava no desesperado lateral argentino que procurava, inutilmente,
barrar seus passos. E o “olé” saiu das arenas mexicanas, espalhando-se pelos gramados
do mundo.
Nessa inesperada derrota de 3 x
0 para o Pachuca, o ponta-direita Luiz Henrique, que usa a camisa 7, até procurou
lembrar o precursor dono da camisa 7, que usa. Tem talento, em se tratando do
nível atual do futebol brasileiro, mas já não desperta a torcida para o
clássico grito. Mesmo porque, a segunda via está longe de se parecer com o
original.
O Botafogo, principalmente no
segundo tempo, fez por onde evitar o placar contundente, mas enfrentou um time
bem postado, com uma defesa e um goleiro indefensáveis.
A essa altura, o Botafogo já
deve ter feito ou está fazendo a viagem de volta, sem direito a realizar, pelo
menos, o segundo jogo no torneio
internacional.
E a tendência é a torcida
esmorecer no seu entusiasmo.
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