SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE X BREJO DA MADRE DE DEUS

 



 

Rivalidade entre Ypiranga e Humaitá borrifada pela água do rio



 

O Rio Capibaribe, amado e festejado pelos pernambucanos, passa pelo Agreste Setentrional, na descida rumo ao Litoral para se unir ao Beberibe e os dois, juntos, formarem o Oceano Atlântico. Não é o que dizem?

Numa boa parte do seu percurso, o “cão sem plumas” decantado pelo grande João Cabral de Melo Neto,  separa terras dos municípios vizinhos Santa Cruz do Capibaribe e Brejo da Madre de Deus. Duas cidades irmãs, que se dão muito bem. Mas no futebol, antigamente, tome rivalidade, com o Ypiranga, do lado de cá, se agarrando com o Humaitá, do lado de lá, como dizia a meninada santa-cruzense, na qual eu me inseria.

Os jogos eram de prender o fôlego. Apesar do desconforto causado pelas viagens na carroceria de um caminhão, elegância no trajar era o que não faltava de um lado ou de outro. Geralmente, à noite, o visitante era recepcionado com um baile e a turma não podia fazer feio.  A foto é do Humaitá, possivelmente chegando a Santa Cruz, não tenho certeza, para mais um duelo com o Alviazulino.  

Em Santa Cruz e no Brejo, o “ilustre visitante” era saudado com discursos, banda de música e muito abraço. A turma da Terra das Confecções e das Gameleiras tinha a preocupação de saber se Zé Marinho estava no time deles. Era preciso fazer uma marcação severa com Vicente, Pedro Paulo, Pedro Rododó ou quem quer que fosse porque o danado era goleador. Sem dúvida, uma enorme preocupação para o nosso goleiro Zé Fuminho, meu primeiro ídolo.

Ainda hoje, na Banca Paulista, localizada junto ao Mercado de Boa Viagem, Zé Marinho conta suas aventuras, que os  ouvintes, todos amigos, consideram lorotas. A sorte dele é quando eu passo por lá. Ele  me agarra. “Perguntem a esse aqui, ele me viu jogar, sabe de tudo”, vai logo me comprometendo. Mais ou menos, não tanto.

Um caso que não presenciei, mas ele me contou. Numa das visitas do Humaitá a Santa Cruz, foi convidado a almoçar na casa de um amigo, comerciante muito querido e respeitado por lá. “O almoço era uma buchada. Eu me meti na cachaça e no pirão, e tive que parar quando me lembrei que ia jogar. Acho que eles queriam era me tirar do jogo”, diverte-se Zé Marinho.

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