Esse índio quer apito e muita vitamina
BC.
Hugo Benjamin é uma figura carismática do futebol pernambucano. Vi o zagueiro Hugo dar seus primeiros passos no juvenil do Náutico. Chegou a jogar em cima, mas com o tempo, resolveu se dedicar aos estudos.
Já estava cursando educação
física quando o técnico Nelson Lucena, do Ferroviário, que era também oficial
da PMPE e formado como educador físico, foi à sua casa convidá-lo para defender
o time da Rede Ferroviária do Nordeste. E lá se foi o mais tarde preparador
físico e treinador Hugo Benjamin calçar as chuteiras novamente. Isso depois que
Nelson prontificou-se a apanhá-lo em casa todos os dias.
– Mostrei ao coronel que teria
dificuldades por morar na Torre, e o Ferroviário treinar para os lados da
Mustardinha (na realidade na Vila Ipiranga, região de Afogados). Ele disse que,
residindo no Cordeiro, a Torre era seu caminho. Como chegava e saía do clube no
seu carro, a turma, na gozação, dizia que eu era “peixinho” dele – conta Hugo.
Hugo era filho de uma figura de
destaque em Pernambuco, o coronel Milton Benjamin, durante muitos anos
presidente do CRD (Conselho Regional de Desportos), órgão que em cada Estado
representava o CND (Conselho Nacional de Desportos). Este tinha a função de
regulamentar a prática esportiva no País.
– Meu pai dava o visto nas
carteiras de identificação dos jogadores e eu fiquei emocionado quando ele deu
o visto na minha – conta o ex-zagueiro.
Amante do futebol, do frevo –
gostava de sair no Carnaval fantasiado de índio – de uma boa batucada, de um
forró, de uma loura suada, sempre presente numa roda de papo com os amigos,
Hugo chegou a exercer as funções de preparador e de treinador em clubes
importantes, como o Náutico, o Sport, o Central, o Botafogo paraibano etc.
Quanto às idas e vindas de Hugo
no carro do treinador, logo ele passou a ser considerado um zagueiro biguzeiro.
Para quem não sabe, o antigo
termo BIGU corresponde à expressão CARONA dos tempos atuais.
Se neste Carnaval, você se
encontrar com o índio Hugo pelas ruas do Recife não se assuste. Ele não lhe
dará uma flechada. Talvez queira apenas pronuncie a célebre frase "índio
quer apito". Fora disso, é vitamina BC - era assim que Mourão, um dos
inúmeros amigos que fiz no futebol, referia-se à Brahama Chopp - e alguns
passos ao som do nosso estridente frevo. Mas, cuidado no apito.
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