Foi pênalti, não foi pênalti. E começa o sururu em Caruaru!
(Colaboração do jornalista JOSÉ TORRES)
Foto do Comércio FC em 1952: Casimiro, Perinho, Toquinho, Romildo, George, Ramiro, Maurílio, Guri (o mais tarde deputado Hugo Martins, Nem, Biguá e Pedro de Júlio (Arquivo de Luiz Teófilo)
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Das histórias que ouvi contar, uma delas saiu da
boca do ex-prefeito Anastácio Rodrigues, falando de um jogo entre o Comércio
Futebol Clube e Vera Cruz Esporte Clube, ambos da cidade de Caruaru.
A partida era válida pelo campeonato local, certame
que tinha a chancela da LDC-Liga Desportiva Caruaruense, no ano de 1953 sendo o
Central Park o cenário daquele importante duelo interiorano e tudo sob o
comando do sargento Costa Pereira, árbitro do jogo.
O placar estava zerado. As duas equipes bem
treinadas, com o jogo começando pontualmente, às 03:45 da tarde. Ainda bem que
era mês de junho, clima ameno na terra de Zezinho de Tutu.
O Vera Cruz vai ao ataque perigosamente, mas o bom
goleiro Paulo de Júlio, da equipe alvirrubra, sai da sua meta, intercepta a
bola com maestria, porém fazendo falta no centroavante Gordinho. Incontinente,
Costa Pereira, aponta para a marca da cal. Pênalti contra o Comércio.
Silêncio no acanhado campo do Central Sport Club.
Catolé, centromédio da equipe tricolor da Rua Preta, parte para a cobrança com
perfeição, porém, Paulo de Júlio qual um felino, segura a bola com firmeza.
Seus companheiros de equipe, eufóricos com a sensacional defesa do goleiro,
correm para abraçá-lo.
Ouve-se um apito estridente. Era o árbitro Costa
Pereira marcando nova penalidade contra o Comércio. Na sua ótica, a bola estava
em jogo e a companheirada de Paulo tocara com a mão na mesma. Revolta geral da
rapaziada do Comércio. A confusão estava formada.
Anastácio, na época secretário do clube alvirrubro,
grita “juiz ladrão”. Do nada, aparece o tenente Jurandir Galindo e manda que
soldados do Exército entrem em campo para expulsar todo mundo, inclusive o
próprio Anastácio, que se recusa a sair, invocando sua condição de diretor de
clube. O tenente dá-lhe voz de prisão com revólver em punho. Uma alma caridosa,
também militar, consegue tirar Anastácio da confusão, mas o pau cantou e o
árbitro Costa Pereira disse que não voltaria atrás na sua decisão de marcar o
pênalti.
Mais de 60 anos depois do ocorrido, vejo os fatos
confirmados na edição do Jornal do Agreste de 07.06.1953 com a manchete “O
Culpado Foi o Juiz”, declara o diretor de futebol da LDC, Sr. Alfredo Amâncio.
Segundo aquela autoridade esportiva, o gesto dos
jogadores do Comércio abraçando o seu goleiro por ter evitado o gol de pênalti,
fora involuntário. Não caracterizando intenção propositada de tocar na bola. Aí
sim, Costa Pereira poderia ter marcado o pênalti, ainda de acordo com Alfredo
Amâncio.
Pelo sim, pelo não. A partida foi interrompida. São
histórias realmente verídicas, ocorridas na cidade do Comendador José Victor de
Albuquerque.
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