ZECA E CHINA
Quando do retorno de Gilberto em 1950, depois de três longos anos longe dos Aflitos, estava o Clube Náutico Capibaribe, sob o comando do iluminado Eládio de Barros Carvalho, pronto para concluir sua caminhada na busca da afirmação como um grande time de futebol. Grande clube, o Náutico já era. Desde a sua fundação, no primeiro ano do século.
Destinado inicialmente às disputas das
regatas nas festivas manhãs de domingo nas águas do Capibaribe, o futebol
passaria a fazer parte do ideário esportivo do clube somente anos depois.
O tempo do futebol havia sido todo de
aprendizado e de espera. Tempo de construção da identidade alvirrubra. Apenas
dois títulos na disputa do campeonato. Não havia pressa nos Aflitos. O primeiro
em 1934. Cinco anos depois, 1939. Em 45, campeão pela terceira vez. Primeira
conquista de um tempo em que já não mais se permitia a disputa aureolada
tão-somente por desejos e gestos amadoristas.
Aproximava-se a virada da década. Um
incêndio destrói a sede do clube. Incêndio emblemático. Decisão tomada por
Eládio: um grupo selecionado de jogadores estava sendo convocado para fazer
ressurgir das cinzas – não há como fugir do lugar comum – o futebol para o qual
estava o Náutico destinado.
O time vinha sendo formado bem antes do incêndio. Prosseguir com o
projeto era um imperativo ao qual os comandados de Eládio não podiam fugir. O
time tinha que ser montado, custe o que custasse¸ com característica de
seleção. E assim foi. Já se encontravam nos Aflitos excelentes jogadores. O
veterano lateral-direito Sidinho, campeão pelo Santa Cruz em 1940. Jaminho, o
lateral pelo outro lado do campo, tinha vindo do futebol do interior, campeão
Restava dar ao time na dose certa, a
experiência que só o craque viajado tem. E esta veio com o retorno de quatro
jogadores fora de série: o goleiro Vicente, o centromédio Gilberto, e a
ala-esquerda Alcidésio e Zeca. Todos com passagem brilhante num passado recente
pelo Náutico. Estavam vindo do Rio, a capital federal. Onde havia mais requinte
no futebol e em tudo mais. Voltaram juntos, ao mesmo tempo, como se tivessem
ido fazer um curso de especialização num centro adiantado. Seriam figuras
exponenciais na jornada que terminaria com quatro títulos estaduais em cinco
anos.
Gilberto e Zeca vão estar presentes em
todas as próximas conquistas que terão início naquele ano de 1950. E
carregariam uma coisa a mais
Indo além de Givaldo, campeão apenas uma
vez, China conquistaria o título em duas oportunidades: campeão em 1960 ao lado
do próprio Givaldo, será campeão e um dos artilheiros do time em 1963, início
da jornada do Hexa. China continuava a
fazer os gols que o mano Zeca fazia na década anterior nas vitórias
alvirrubras. Marcou, com a camisa de número 9 nas costas, meia centena de gols
pelo Náutico. Um número redondo, 50 gols.
Faz companhia na lista dos artilheiros
timbus, a Orlando, Fernandinho e Djalma. O mano Zeca, por sua vez, vestiu
sempre a camisa 11. Vem logo atrás, dois gols a menos que o irmão (48 gols). O
mesmo número da marca de Ivan Brondi, o capitão do Hexa,
Zeca trazia na carteira de identidade o
nome do registro: José Fernandes de Almeida. Nascido em 1927, era treze anos
mais velho que o irmão. Este fora registrado Edson Fernandes de Almeida. O
apelido China, pelos olhos desde menino rasgados dos orientais.
O elo da sequência não será cortado com
Gilberto e Givaldo, Zeca e China.
Náutico, campeão de 1963, no início do Hexa. Em pé, Zequinha Miná, Waldemar, Zé Luís, Evandro,, Gilson Costa e Clóvis; agachados, Nado, Bita, China, Ivan e Rinaldo. (Foto: arquivo do Blog) |
Campeão em 1960, China foi logo a seguir
tentar de novo a sorte no Sul-Maravilha – já estivera antes, no início da
carreira,
São os irmãos Lasalvia. Os irmãos com a história mais rica de títulos e glórias a jogarem juntos com a camisa do Náutico.
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