Lenivaldo Aragão
Foto: CBN Recife-reprodução |
O futebol brasileiro precisa de uma lei específica, dura e bastante rigorosa, para punir a criminalidade que guia as chamadas torcidas organizadas. Oficialmente estão proibidas de atuar, porém continuam a agir sorrateiramente. Na sua grande maioria são compostas, não de torcedores, mas de marginais, que se aproveitam da liberalidade de que desfrutam em meio em meio a pessoas de bem, para dar vazão aos seus instintos sanguinários e destruidores.
Seus integrantes estão longe
de pretender aplaudir as jogadas de mestre dos craques que povoam os gramados.
Pelo contrário, deliciam-se com as atrocidades que cometem, nem sempre dentro
dos estádios, mas ao seu redor e muitas vezes a distância.
Domingo que passou (21/05),
houve duas cenas degradantes e criminosas, que contribuíram para enodoar o futebol
pernambucano, cujo conceito não é dos melhores atualmente pelo fato de não termos
nenhum time na primeira divisão nacional. O que tem chamado a atenção é o lado
perverso que os maus elementos que se dizem torcedores têm protagonizado.
Horas antes do jogo Santa Cruz
1 x 0 Campinense, pela Série D, houve um conflito entre torcedores do Santa e
do Sport, estes reforçados por adeptos do rubro-negro paraibano. Nas imediações
das dependências do Sport Club do Recife surgiu uma autêntica batalha campal,
embora Santa Cruz e Campinense fossem se enfrentar umas três ou quatro horas
depois, longe dali, no Estádio José do Rego Maciel, o Mundão do Arruda. Segundo
testemunhas oculares, como o acreditado cronista esportivo Claudemir Gomes, ouviram-se
o barulho de tiros simultaneamente a gritarias
e pedradas nas vitrines do clube, causando uma situação de pânico num
restaurante localizado na sede do Leão. Famílias que confraternizavam,
incluindo crianças, deixaram as mesas aos gritos desesperados, acompanhados de
choro, procurando um lugar seguro.
A alguns quilômetros dali, em
Olinda, saber-se-ia depois, um jovem de 21 anos foi trucidado por ter cometido
o “crime” de entrar num ônibus fardado de tricolor, pois rumava para o Arruda
com a finalidade de aplaudir e vibrar pela Cobra Coral. Não chegou lá. Foi
levado para um hospital das redondezas, onde veio a morrer, depois de ter sido violenta
e covardemente agredido por uma turba de supostos torcedores do Sport.
Acontecimentos como estes contribuem
cada vez mais para o afastamento dos estádios, dos verdadeiros torcedores,
velhos ou novos.
Tudo isso aconteceu quando se
elogiava o belo espetáculo proporcionado pela torcida feminina do Sport no jogo
contra o Botafogo-SP, e a presença maciça do povão verdadeiramente tricolor
para ver a Cobra Coral encarar a Raposa da Rainha da Borborema.
Esse estado de beligerância
não é um fato isolado, pois repete-se a cada meio ou fim de semana, de Norte a
Sul do Brasil. E as autoridades, os que fazem ou monitoram o cumprimento das
leis, preocupadas com outras disputas, sem cuidar de dar cabo a esse mal que
corrói cada vez mais o futebol brasileiro, um dos poucos vieses que tornam o
Brasil respeitado lá fora. É a marginalidade se impondo à legalidade, cujos
pretensos defensores parecem dormir em berço esplêndido, alheios às agruras de
tantas famílias, que vez por outro são enlutadas por esses batalhões de
malfeitores que têm a seu favor a doçura da lei.
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