Gilberto Gil, Frevo, o Mestre de Apipucos e o Santa Cruz
Gilberto Gil na Copa do Mundo do Catar, como torcedor (Reprodução) |
O cantor Gilberto Gil é admirado por gregos e “trorianos”, como disse certa vez um comerciante, baiano, como Gil, que exerceu a presidência do Central, ele que se radicou em Caruaru. Não digo o nome por questão de respeito porque, embora privasse de sua amizade, ele já deixou o nosso mundo.
Nem todos sabem que Gilberto
Gil, quando fala que gosta de Pernambuco não está sendo demagogo, falando só
para agradar. Pelo contrário, exprime o que vem lá de dentro do seu íntimo.
Vejamos alguns detalhes que confirmam esse tom de pernambucanidade que torna Gil
cada vez mais admirado por estas bandas:
PRIMEIRO O BAHIA
Perto da Copa do Mundo de 2018, o jornalista Ancelmo Gois, sergipano de vivência carioca, publicou na sua coluna diária n’ O GLOBO, reproduzida por vários jornais do País: “Pela primeira vez, Gilberto Gil, 75 anos, pisará em solo russo. Mas tudo, diz, por amor ao futebol. O artista cantará em Moscou em 14 de julho, dia da abertura da Copa do Mundo. Gil sempre gostou de futebol e esteve em várias Copas. Mas é um torcedor, digamos, regionalista. É Bahia na sua terra, Fluminense, no Rio, Santos, em São Paulo, Santa Cruz, em Pernambuco, Grêmio, no Rio Grande do Sul, e Cruzeiro, em Minas.”
VIZINHO DO MESTRE DE APIPUCOS
Pouca
gente sabe, mas o baiano pernambucanizado ao qual estamos nos referindo, já
morou no Recife. Fiquei sabendo por intermédio de um caderno especial sobre Gilberto
Freyre, editado pelo JORNAL DO COMMERCIO em 2000, quando o grande escritor e
sociólogo completaria cem anos, se vive estivesse. Entre as várias
personalidades que falaram sobre o Mestre de Apipucos estava Gilberto Gil. O festejado
cantor soteropolitano contou que, adolescente, passou algum tempo no internato
do Colégio Marista, no bairro de Apipucos. Nas vizinhanças havia uma casa,
estilo antigo, muito frequentada, principalmente por fotógrafos, gente
engravatada e por aí vai. Pela movimentação constante, concluiu que ali vivia uma
pessoa importante. Mais tarde, já
adulto, é que descobriu ter sido vizinho do autor do célebre Casa Grande e
Sanzala. Deve ter sido nessa época que ele começou a gostar do Santinha.
O CÉLEBRE GOLEIRO LESSA
Há uma música chamada Tradição,
mais ou menos do início da carreira, em que Gil faz apologia a Lessa,
goleiro pernambucano que saiu do América para brilhar no Bahia, e ainda
hoje é venerado pelos torcedores mais antigos do Esquadrão de Aço. Vejamos um
trechinho de Tradição:
“Conheci essa garota que era do Barbalho
Essa garota do barulho
No tempo que Lessa era goleiro do Bahia
Um goleiro, uma garantia
No tempo que a turma ia procurar porrada
Na base da vã valentia
No tempo que preto não entrava no Bahiano #
Nem pela porta da cozinha”
* Clube Bahiano de Tênis, tradicional agremiação esportiva e social de Salvador
PERNAMBUCANO HONORÁRIO
Gilberto Gil é cidadão honorário de Pernambuco, honraria concedida pela Assembleia Legislativa
ASAS DA AMÉRICA
O cantor baiano participou de mais de um disco da série Asas da América, junto com outros artistas, locais e nacionais. O trabalho, organizado pelo compositor caruaruense Carlos Fernando, tinha por objetivo revitalizar e dar uma nova roupagem ao nosso frevo.
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