BOLA, TRAVE E CANELA-Lenivaldo Aragão

 Craques pernambucanos, heróis da Revolução de 1932

 

Foto: reprodução Revista Planeta

Há 90 anos, iniciava-se no dia 9 de julho de 1932, em São Paulo, a Revolução Constitucionalista. Liderado pelo Estado de São Paulo, o movimento, também chamado de Guerra Paulista, contou com a adesão de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul, e visava à derrubada do governo provisório do gaúcho Getúlio Vargas, o que terminou não acontecendo.

Vários Estados mandaram reforços para as forças federais, com o objetivo de combater os revoltosos, no que levaram a melhor. Entre os pernambucanos que seguiram para o front estavam alguns militares que jogavam futebol e defendiam clubes inseridos no Campeonato Pernambucano. Este terminou sendo levantado invictamente pelo Santa Cruz, que tinha sido campeão no ano anterior e assim obteve seu primeiro bicampeonato. Entre nossos coestaduanos que participaram da revolução, alguns não voltaram à sua terra e têm seus nomes inscritos no rol dos que deram a vida pela Pátria. Dele fazem parte dois ex-jogadores.

Houve até um episódio tragicômico, de acordo com o que contou o saudoso jornalista e escritor Givanildo Alves, no seu livro “85 Anos de Bola Rolando”, publicado em 1999, na comemoração do 85º aniversário do nosso campeonato. Vejamos, a parte do texto do livro sobre o Estadual de 1932 e a revolução dos paulistas:

“ O movimento revolucionário de São Paulo, neste ano, nada teria a ver com o futebol pernambucano, se entre os civis e militares que partiram daqui para sufocar o levante paulista, não fizessem parte famosos jogadores  da nossa cidade, tendo alguns deles, inclusive, morrido em combate. O Sport hasteou bandeira a meio pau e mandou celebrar missa na matriz da Boa Vista, em sufrágio da alma de seus ex-atletas Manuel Luiz Bulhões Marques, Durval Carneiro Leão e Luiz Clovis Wanderley. No Santa Cruz o clima foi diferente. Houve festa pela volta de Doía e Tarã, que pertenciam à Brigada Militar (hoje PMPE), da qual também faziam parte Temístocles, do Ateniense, e Agnello, do Gera Western, ídolos do futebol suburbano.

A notícia divulgada pelos jornais de que Durval tinha morrido em combate, em São Paulo, consternou os meios esportivos. Sua família mandou celebrar Missa de 7º Dia e passou a usar roupas pretas, o que se chamava na época de luto fechado. Mas, passados alguns meses, eis que um dia Durval reaparece, lépido e fagueiro, quase matando sua família de susto. A tristeza deu lugar â alegria  e seus pais promoveram uma grande festa para comemorar o ‘nascimento’ de Durval.

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