Percorrendo os antigos salões no passo do frevo
Clube Português do Recife sob o domínio do frevo (Foto: João Alberto Blog) |
Dos pés à cabeça, o alvirrubro dava as cartas. Grandes manhãs de sol, bailes gigantescos que alegravam a sociedade da terra que nos anos 50, 60 não era ainda a Capital do Forró. Dava gosto botar os pés, não na bola, e sim nos salões da majestosa sede do Comércio do saudoso presidente Valter Lira, que já nos deixou. Um exemplo de administrador. Caruaru, Comércio de belos e incansáveis carnavais.
Pego o trem, passo pela, na época, perigosa Serra das Russas , vou
danado em busca de novas folias nos clubes esportivos. A primeira parada é no
Clube Internacional do Recife. Alguém há de perguntar: “Mas o Internacional não
era clube social, de grandes festas?” Era. Mas foi de remo e hóquei também.
Portanto, faz parte do meu roteiro de grandes bailes carnavalescos. Ao lado se
estabelece o glorioso Sport Club do Recife. Este, sim, gigante pela própria
natureza nos gramados. Até campeão do Brasil já foi. Gigante também na sua
monumental sede da Ilha. Suas manhãs de sol foram um sucesso. Merecem elogios
ainda as festas da noite, nos dias de carnaval.
Saio da Avenida Abdias de Carvalho e vou ao encontro da Rosa e
Silva. É lá que me deparo com o Clube Português, o bamba do hóquei. E maior
rival do Internacional na parte social. Seus bailes, nota mil. Ando mais um
pouco e peço passagem para entrar no Clube Náutico Capibaribe. No campo,
juntinho da sede, ainda ecoa o grito de hexa, hexa na bola, hexa nas defesas de
Lula Monstrinho, na classe de Gena, na valentia de Clóvis, nas arrancadas de
Salomão, nos lançamentos de Ivan , nos dribles de Nado, nos gols de Bita. No
salão, não confundir com futebol de salão, o Náutico foi tantas vezes
hexacampeão, que não se sabe o número total dessas conquistas. Eita bailes e
manhãs de sol maravilhosos. Vou um pouco adiante e aparece-me o América, o
Alviverde da Estrada do Arraial. Foi um craque no gramado, nos anos 20 e 40. De
1944 pra cá, nada mais. Mas abriu sua sede por muito tempo para vitoriosos
bailes. O América foi muito simpático, tanto que ostentou por décadas o título
de o segundo time dos pernambucanos. E o primeiro? Santa Cruz, Náutico e Sport,
não nessa ordem, obrigatoriamente. Era o segundo dos pernambucanos no Carnaval?
Não sei.
Sei que apanho o bonde e vou pedir licença para ultrapassar os
portões da sede do meu querido Santa Cruz. Não a sede atual. Mas da antiga casa
tricolor, que ficava metros acima , mas do lado esquerdo, esquina com a Rua
Bolívar. Eram bailes e manhãs de sol, mais modestos. Mas frequentados por
multidões. As mesmas multidões que, unidas, carregaram muitos e muitos troféus
no Estádio José do Rego Maciel Mundão do Arruda. Santa, campeão querido no
campo e nos salões.
O carnaval de clubes já não existe. E neste 2022, na rua também, está ausente. Fiquemos em casa
a ouvir às músicas da saudade. E os hinos dos clubes. Feliz folga, amigos e
amigas, do frevo, do arrastar dos pés nas amadas ruas do Recife, de Olinda e de
todo o nosso Estado. Na próxima edição, aí sim, conto como foi minha odisseia
pelos estádios do Sul e Sudeste deste país. Até lá, gente boa!
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