Há cem anos nascia, no
Recife, a Associação dos Cronistas Desportivos de Pernambuco-ACDP, que nesta
quarta-feira, 1º de dezembro de 2021 vive a passagem de seu centenário.
A ACDP é atualmente
presidida pelo radialista André Luiz Cabral e funciona em sede própria, no
Edifício Solimões, na Camboa do Carmo, bairro de Santo Antônio, no centro do
Recife.
A fundação da entidade que
congrega a crônica esportiva do Estado, está contada por um dos seus ex-presidentes,
jornalista Givanildo Oliveira, já falecido, na segunda edição de seu livro
História do Futebol em Pernambuco. Vejamos:
“Às 4 horas da tarde do dia
1º de dezembro de 1921, em plena sala de redação do Jornal Pequeno, na Rua do Imperador, foi fundada a Associação dos
Cronistas Desportivos de Pernambuco – ACDP.
Ao ato se fizeram presentes
Américo Magalhães (Jornal Pequeno),
Antonio Almeida (Diario de Pernambuco),
Hercílio Celso (A Província), Moraes
Oliveira (Jornal do Recife), Arnaldo
Constantino (Correio do Povo), Otávio
de Moraes (A Noite), Galvão Raposo (A Novidade), Antonio Chaves Martins
(correspondente de O Pará), e
finalmente João Cruz Ribeiro (Jornal do
Commercio).
Convém registrar que, por
duas vezes, os cronistas já tinham feito tentativas para fundar a associação. A
primeira fora a 13 de julho de 1918, e a segunda a 5 de março de 1920, no salão
nobre da sede do Flamengo. Em ambas chegou a haver discursos, porém, tudo ficou
no papel. Agora era para valer. A ideia estava, enfim, materializada.
Em meio aos debates,
resolveu-se aclamar uma diretoria provisória até que fossem elaborados os
estatutos. João da Cruz Ribeiro, do Jornal
do Commercio, foi escolhido presidente: Américo Magalhães (Jornal Pequeno) e Moraes Oliveira (Jornal do Recife), secretários, enquanto
o cargo de tesoureiro ficou confiado a Otávio de Moraes, do jornal A Noite.
Já ao cair da tarde, chegou
às mãos dos fundadores um ofício do presidente da Liga, João Duarte Dias,
colocando as dependências da sua entidade à disposição da ACDP, para futuras reuniões, dizia o
documento. O oferecimento foi aceito e da decisão os cronistas deram ciência ao
presidente da LPDT (Liga Pernambucana de Desportos Terrestres), enviando-lhe
correspondência no dia seguinte. Outros ofícios foram remetidos às direções dos
clubes, comunicando a fundação da Associação dos Cronistas Desportivos.
Com pouco mais de um mês de
vida, a entidade deu sua primeira demonstração de força e prestígio, promovendo
um Festival Esportivo, cuja renda foi destinada aos cofres da ACDP. No dia 5 de
janeiro de 1922, chegou ao Recife, a bordo do navio Itapuí, um combinado
formado pelos times alagoanos CRB e CSA patrocinado pelos cronistas. Foi um
festão na cidade. O comércio ofereceu taças, troféus, medalhas de ouro e vários
outros brindes aos torcedores que compareceram ao campo da Avenida Malaquias.
Os alagoanos perderam os dois jogos. O primeiro para o Flamengo (6 x 1) e o
segundo para o Sport (6 x 2). A promoção foi boa, bastante elogiada, tendo os
cronistas ficado com um lucro de 1.184$000, importância que foi colocada em
conta corrente no Banco Ultramarino.
O sucesso de outras
promoções foi consolidando a vida e o conceito da entidade. Na grande cheia de
1924, que desabrigou e matou muitos recifenses, a ACDP teve papel importante na
ajuda aos flagelados, promovendo um torneio beneficente com a participação de
vários clubes, que lotou o campo do Sport. O povo correspondeu aos apelos dos
cronistas e o Comitê em benefício dos flagelados ficou feliz ao receber o
produto da festa: 608 mil réis.
CONCURSO
DE PALPITES
(Os cinco primeiros dos seus
16 artigos):
A criação do Concurso de
Palpites foi outra promoção que teve grande receptividade. Uma urna era
colocada nas portarias dos jornais, a fim de que o cronista colocasse seu
palpite, dizendo quem venceria e de quanto.
No fim do mês, aquele que
mais tivesse acertado recebia taças, troféus e medalhas. Para concorrer havia o
pagamento de uma taxa anual de 5 mil réis. Nos fins de semana, os jornais
publicavam os palpites e, baseados neles, os torcedores faziam suas apostas no
campo. O concurso do regulamento estabeleceu:
Art 1º - A Associação dos Cronistas Desportivos de
Pernambuco instituirá um Concurso de Palpites para o Campeonato de Futebol da
LPDT.
Art 2º - O presente concurso
será disputado pelos sócios efetivos e colaboradores.
Art 3º - Aos vencedores do
concurso de palpites, a Associação conferirá prêmios da seguinte forma: a – Uma
taça ao vencedor nos primeiros quadros; b – Um prêmio no valor máximo de
30$000, trinta mil réis, ao concorrente que alcançar maior número de pontos no
cômputo final das três classes, sem ter sido vencedor de qualquer delas.
Art 4º - No caso de empate
de pontos no primeiro lugar, de qualquer das classes, proceder-se-á ao sorteio.
Art 5º - Os pontos serão
contados da forma a seguir:
a- Quatro pontos para os
concorrentes que acertarem no resultado final do match;
b -Três pontos para os que
palpitarem no escore do clube vitorioso;
c - Dois pontos para os que
acertarem no escore do clube;
d - Um ponto para os que
tiverem acertado na vitória do jogo, sem marcar pontos no escore;
e - Contar-se-ão ainda dois
pontos para os concorrentes que, palpitando em empate num determinado jogo que
terminou com esse resultado, não tiverem, contudo, acertado o escore, quando se
marcarão quatro pontos.
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