Lia e dona Maria, dois símbolos, duas paixões
(Foto: Divulgação) |
Lia fez história de amor pelo vermelho e branco do Náutico, ela
que já nos deixou, para ir ao encontro de Deus e dos irmãos Geo e Jorginho. Geo
foi ponta-esquerda do time do Sport campeão estadual de 1955. Era um ataque
fabuloso formado por Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e ele, Geo. Essa linha
avançada os rubro-negros mais antigos não haverão de esquecer. Geo andou
pela Bélgica uns tempos, na venda de sua habilidade futebolística. Não o vi
jogar mas segundo os narradores da época, era bom de bola. E se assim não
fosse, não continuaria dono da onze da Ilha até 1957.
Quanto a Jorginho, também foi ponta- esquerda. Mas adversário do
irmão. Jogou no Náutico e no Santa Cruz. Pelo Santa foi supercampeão em 1957.
Estava num ataque inesquecível: Lanzoninho, Faustino, Rudimar, Mituca e
ele, Jorginho. No jogo do título, Geo foi o ponta do Sport. Também não tive o
prazer de ver Jorginho em campo. Me aproximei dele já dirigente do seu Tricolor.
Dona Maria José, sempre vestida nas cores de sua paixão (Foto: noticiamira.com.br) |
Falei, falei. E Lia? Era repórter da TV Globo em 1983, quando a entrevistei pela primeira vez, numa reportagem especial junto a Bacalhau, torcedor coral de saborosa memória. Lia era alvirrubra fanática, frequentadora da sede de Rosa e Silva desde cedo, nos dias de jogos. De lá, o rumo era a social da sua segunda casa, o estádio dos Aflitos. Ou seria a primeira casa? Nunca vi Lia com uma roupa que não fosse com as cores vermelha e branca. Morreu solteira, ou melhor, era casada com o N-á-u-t-i-c-o.
E dona Maia José? 96 anos feitos em janeiro. Nasceu em Nazaré da Mata. Aos 12 anos, já sem pai e mãe, mudou- se pra Carpina, que fica perto de sua terra natal. Lá se apaixonou pelo Sport local, o pobre, como costuma dizer. De Carpina transferiu- se em 1950 para o Recife, onde se encontraria com o Sport rico. É seu grande amor até hoje. Na cidade grande, se reuniu a uma família pra morar com ela no bairro central da Boa Vista. Casou uma vez, não teve filhos e ficou viúva. O marido a deixou
na saudade pra atender um convite de Deus.
|
Por muito tempo residiu com pessoas descendentes da família que a
adotou, eles alvirrubros do Náutico. Dona Maria José, que nasceu em 1925, teve
uma vida de criança e adolescência muito dura, viveu sempre como doméstica.
Mora hoje sozinha numa casa cedida pelos seus bons patrões recifenses. É um lar
pintado nas cores rubro-negras por todos os lados.
Meus contatos com dona Maria José de Oliveira, foram sempre na
Ilha do Retiro. Nas sociais do estádio do seu clube querido. O chão da parte da
arquibancada privilegiada da Ilha foi palco tantas e tantas vezes do seu
entusiasmo e alegria, ao pular ao som do frevo que agita os pernambucanos,
sempre aos gritos do "Cazá, Cazá, Cazá, Sport, Sport, Sport". Igual a
Lia, a roupa número um dela, é nas cores do seu clube, vermelha e preta. Na sua
companhia uma inseparável sombrinha rubro-negra.
A querida dona Maria é sócia benemérita do Sport. Quando morrer
quer ser velada na sede do seu eterno amor.
Lia Carvalho e dona Maria José de Oliveira, duas personagens que
estão encravadas na história desse apaixonante esporte que é o futebol!
Santa Cruz, supercampeão de 1957: Sidney, Diogo, Aníbal, Aldemar, Edinho e Zequinha; agachados, Lanzoninho, Rudimar, Mituca, Faustino e Jorginho, irmão do rubro-negro Geo e da alvirrubra Lia |
Dedico este artigo às mulheres que frequentam a arquibancada dos nossos estádios. E especialmente a Dulce Rosalina e Elisa, que também foram baluartes em defesa do Vasco e do Corinthians. Musas, as quatro, guerreiras e inesquecíveis, reverenciadas nas cores vermelha e branca, vermelha e preta, preta e branca, branca e preta. Nós agradecemos a essa paixão!
Bom dia, boa tarde ou boa noite.
A todos. Até o próximo assunto!
Comentários
Postar um comentário