Reconhecimento dos conterrâneos ao cabo Otávio Aragão
Ainda escrevo sob a emoção
vivida por mim e vários parentes do cabo Otávio Synésio Aragão, na rua que leva
seu nome em Santa Cruz do Capibaribe. Emoção também sentida por autoridades civis
e militares, bem como por simples populares, na homenagem prestada a um herói
de guerra daquele município do Agreste Setentrional de Pernambuco.
Neusa Aragão, autora do livro sobre o tio (Divulgação) |
Quarta-feira 20 de outubro, o cabo Otávio estaria fazendo 100 anos de idade. Seus conterrâneos resolveram homenageá-lo em data tão expressiva, como Herói da Pátria. Ele tombou, como integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), em solo italiano, quando a Segunda Guerra Mundial já caminhava para o fim. Conforme relata sua sobrinha Neusa Aragão Barros, no livro “História de um Expedicionário”, o cabo Otávio em 30 de novembro de 1944 foi mortalmente atingido por uma granada de morteiro, em Bombiana, no Vale do Rio Reno, Itália. Voltava, juntamente com a tropa, de mais uma das incursões dos soldados brasileiros na penosa campanha que culminaria com a célebre tomada do Monte Castelo. A vitória dos febianos, depois de muitas escaramuças, fez com que aquele acidente geográfico italiano se tornasse um símbolo do denodo e da determinação com que nossos pracinhas se lançaram à luta em defesa da Pátria.
Familiares de Otávio Synésio Aragão no palco (Divulgação) |
Na noite em que o herói
santa-cruzense teve o reconhecimento de seus conterrâneos, muitos que só o
conheciam de nome passaram a compreender que aquela placa existente numa rua,
desde os anos 50, depois de Santa Cruz do Capibaribe ter se emancipado de
Taquaritinga do Norte (29-12-1953), tinha um significado mais amplo do que
apresentava uma mera inscrição colocada numa parede. Sua mãe, dona Maria de Seu
Tito, que a quem todos os netos tratavam por Maim, chegou a ver, em 1955, a
placa dignificando seu filho herói, o que a emocionou bastante.
Lembro-me da passagem pelo
Recife, em 1960, das urnas contendo os restos mortais dos pracinhas
brasileiros, retirados do cemitério de Pistoia, na Itália. O destino era o
Monumento do Pracinha, mandado construir no Aterro da Praia do Flamengo, no Rio
de Janeiro, pelo presidente Juscelino Kubitschek. Entre os jovens brasileiros mortos,
que o possante avião da FAB (Força Aérea Brasileira) transportava, oito eram de
pernambucanos. Homenagens póstumas foram prestadas aos nossos heróis pelos seus
colegas militares, em cerimônia que teve a presença de familiares. Como não
poderia deixar de ser, todos os parentes estavam emocionados. A família do cabo
Otávio foi representada por um dos irmãos do herói, José Synésio Aragão,
residente em Caruaru, onde, durante muito tempo gerenciou a filial da
Sanbra-Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileira.
Todos tiveram o cuidado de usar máscaras (Foto: Divulgação) |
Em Santa Cruz, a Banda
Musical Novo Século conta com mais uma peça musical no arquivo. Trata-se de um dobrado
especialmente composto para a ocasião pelo maestro Rubinaldo Catanha. Como o
sobrinho mais velho do homenageado presente ao evento, num simples discurso,
agradeci o carinho com que o maestro elaborou o dobrado em honra do cabo Otávio
Synésio Aragão.
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