APELIDOS NO MUNDO DA BOLA

Dadá Maravilha e Dedeu 



Dois jogadores cuja alcunha começa com a letra D e marcaram de forma indelével sua passagem pelo futebol pernambucano. Falamos de DADÁ MARAVILHA ou DADÁ PEITO DE AÇO e DEDEU. Os dois faziam a alegria dos torcedores com suas jogadas e seus gols e os engraçados, que ainda hoje são lembrados.


Dario foi amado e festejado pelas três torcidas PERNAMBUCANAS (Foto: reprodução revista Placar)


 

DADÁ MARAVILHA


Embora fosse tratado oficialmente pelo nome, DARIO, o grande goleador, verdadeiro animador do mundo da bola, era consagrado junto ao povão pelos apelidos de Dadá Peito de Aço, Dadá Maravilha, Dadá Jacaré ou simplesmente Dadá. Carioca, depois de um início de carreira sem expressão, no Rio, despontou no Atlético Mineiro em pleno apogeu da fase pós-Mineirão. Artilheiro do Campeonato Mineiro em 1969/70/72/74, foi autor do gol que levou o Galo a derrotar o Botafogo por 1 x 0, no Maracanã, e conquistar, em 1971, o primeiro Campeonato Brasileiro. No ano anterior tinha integrado a delegação brasileira, como reserva, na primeira Copa do Mundo realizada no México, levantada pelo Brasil.

Desengonçado, de pouquíssima ou nenhuma técnica, Dadá divertia o torcedor com suas exóticas e estranhas jogadas. E balançava as redes. Tornou-se o quarto goleador do futebol brasileiro (926 gols), ultrapassado apenas por Artur Friedenreich (1.329), Pelé (1.284) e Romário (1.002).  Além do Atlético Mineiro, também foi campeão do Brasil pelo Internacional em 1976.

Dadá Beija Flor, como ele mesmo se denominou, brilhou como artilheiro do certame nacional três vezes: 1971 (Atlético), 15 gols; 1972 (Atlético), empatado com o uruguaio Pedro Rocha, do São Paulo, 17: e 1976 (Internacional), 16.

Dario defendeu os três principais clubes de Pernambuco. Em 1975 formou na chamada Seleção do Nordeste, que levou o Sport a sagrar-se campeão pernambucano após 12 anos de jejum. O desmantelado centroavante foi o artilheiro da competição, com 32 gols. A equipe campeã, tendo à frente o mineiro Davi Ferreira, o renomado Duque, foi Tobias; Marcos, Pedro Basílio, Alberto e Cláudio Mineiro; Luciano e Assis Paraíba; Miltão (Peri), Garcia, Dario e Peres.

No ano seguinte, embora tenha se transferido para o Inter, antes mesmo do término do certame em Pernambuco, Dadá voltou a comandou a artilharia, com 30 gols. Dario jogou ainda pelo Náutico, em 1980, e pelo Santa em 1981.

 

RECORDISTA

Sua maior façanha em Pernambuco aconteceu no dia 5/4/1976, na goleada de 14 x 0 aplicada pelo Sport no Santo Amaro. Dadá assinalou 10 gols e tornou-se recordista do futebol pernambucano numa só partida. Assim superou a marca de 9 gols do lendário Tará, estabelecida no jogo em que o Náutico aplicou uma tremenda surra de 21 x 3 no decaído Flamengo recifense, em 1-7-1945, nos Aflitos.    

Uma das características de Dadá Maravilha era dar previamente nome a algum gol que prometia fazer. Em 1976, caiu um intenso temporal sobre o Recife, causando intensa inundação e vasta destruição em vários pontos da cidade. No domingo haveria, no Arruda, o Clássico das Multidões. Dario prometeu fazer o “gol pingo d´água” para amainar o sofrimento da população. Deu o contrário. No dia 28 de março, Wolney (3), Nunes e Carlos Alberto Rodrigues levaram o Santa Cruz a golear seu tradicional adversário por 5 x 0 diante de 36.939 pagantes. “Em vez do pingo d’água houve uma tromba d’água”, ironizava a torcida coral.

 

O LADO CÔMICO DE DADÁ

Dario era chegado a criar frases de efeito, que logo caíam no gosto da galera. Como estas:

– Com Dadá em campo não há placar em branco.

– Vocês vêm com a problemática e eu dou a solucionática.

– Existem três coisas que pairam no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá.

– Pra pegar Dadá na corrida, só se for de táxi.

– Não existe gol feio. Feio é não fazer gol.

– Pelé, Garrincha e Dadá tinham que ser currículo escolar.

– Faço tudo com amor, inclusive o amor.

– Nunca aprendi a jogar futebol, pois perdi muito tempo fazendo gols.

– A área é o habitat natural do goleador, nela ele está protegido pela Constituição, se for derrubado é pênalti.

– Num time de futebol há nove posições e duas profissões: goleiro e centroavante.

– São duas coisas que eu não aprendi: jogar futebol e perder gol!

– Chuto tão mal que no dia em que eu fizer um gol de fora da área, o goleiro tem que ser eliminado do futebol.

– Deixando a modéstia de lado, falando de futebol, eu falo o que eu sei, sou um expert, com doutorado nessa matéria. No futebol, eu sou o máximo, conheço.

 

COMIGO OU SEM MIGO

Ederlindo Pereira Silva Filho, este o nome de Dedeu, nascido em 22/12/1950. Descoberto pelo jornalista cearense Alberto Damasceno, quando jogava numa preliminar na Fonte Nova, defendendo o Botafogo baiano, foi contratado pelo Guarany de Sobral-CE. Pouco tempo depois se transferiu para o Náutico. Possuidor de um bom domínio de bola e veloz, era um exímio ponta-direita, além de ser um bom finalizador. Defendeu o Timbu, de 1973 a 1975, tendo sido campeão pernambucano em 1974, quando o Alvirrubro evitou que o Santa Cruz igualasse sua marca de hexacampeão estadual. O time, dirigido pelo mineiro Orlando Fantoni, que derrotou o Tricolor por 1 x 0 na decisão, em 11/12/1974, nos Aflitos, gol de Lima, foi Neneca; Baiano, Beliato, Sidclei e Drailton; Juca Show e Vasconcelos; Dedeu, Jorge Mendonça (Betinho), Paraguaio e Lima (Borges). Dedeu ficou célebre também pela expressão “comigo ou sem migo”, que ele jura jamais ter pronunciado, porém, Alberto Damasceno, seu descobridor, que em vida exerceu várias funções no futebol, como cronista esportivo, técnico, supervisor e administrador, afirmava que nesse sentido, o baiano bom de bola e de papo, formado em contabilidade, está blefando.


A verdade é que Dedeu se constituía numa autêntica diversão, não apenas para torcedores e jornalistas, como para os companheiros de equipe. Alguns casos engraçados a ele atribuídos:

– Boa tarde, ouvintes! Eu quero explicar que o Guarany não vai mudar nada. Vai jogar a mesma bola, comigo ou sem migo.

(Entrevistado sobre sua ausência num jogo do Guarany de Sobral contra o Fortaleza, no Presidente Vargas, pelo Campeonato Cearense).

– Ainda vai ter um macho para eu ter medo. Pode botar qualquer um pra me marcar, até esse aí que você falou, eu me garanto.

(Respondendo a um repórter sobre se tinha receio do bisturi, uma vez que estava para ser operado).

– Eu estava esperando renovar com o Guarany e pegar as luvas na mão. Renovei ontem, à noite, recebi a grana e está tudo aqui. Eu lhe dou minhas luvas, o dinheiro todinho se você me tirar desse concurso do mais feio. É que só agora arranjei uma namorada. E tu já pensou se eu ganho esse concurso? Ela não vai querer porra nenhuma com o jogador mais feio daqui porque todo mundo vai gozar com a cara dela. Me ajuda, cara.

(Apelo feito ao seu empresário, Alberto Damasceno, que, como jornalista, promovia um engraçado concurso no jornal Correio do Ceará, para escolher o jogador mais feio do futebol cearense).

– Fiz que fui, não fui...fiz que fui, não fui, de novo...fiz que fui, não fui...fiz que fui... e terminei fondo.

(Descrevendo uma jogada em que procurava enganar um adversário).

Dedeu num bar:

– Garçom, me dá uma cerveja jota jota!

– Jota jota?

– Sim... geladinha, geladinha!  

 

MAIS APELIDOS NA LETRA D

 

DADÁ: goleiro do Santa Cruz (1930)

DADÁ:  meia direita do Sport (1950)

DADÁ BELMONTE: atacante nascido em São José do Belmonte-PE. Salgueiro (2017-18) e Náutico (2020)

DAMATA: centroavante. Íbis (1947)

DA PIXE: ponta esquerda do Asas, time da Aeronáutica (1958). Defendeu também América e Auto Esporte.

DEBINHA: Sergipano, meia armador do Santa Cruz (1964)

DECADELA, também chamado de Dacadela: lateral direito e zagueiro central- Santa Cruz (1954), América (55) e Estudantes (56)

DEDA: volante-Náutico (1965)

DEDÉ: volante-Auto Esporte (1957)

DEDECO: meia armador- Sport (1952)

DEGA: meia armador-Portela (1944)

DEGA: centroavante-Náutico (1947) e Sport (1949)

DEINHA: volante revelado pelo Santa Cruz, foi campeão pernambucano em 1979, ano em que defendeu o Brasil no Campeonato Sul-Americano Juvenil, no Uruguai

DELGADO: lateral esquerdo paraibano-Náutico (1944)

DJANGO: centroavante, supercampeão pelo Santa Cruz em 1983

DEMA: meia direita-América (1965), Sport e Náutico

DENGOSO: atacante-Santa Cruz (1946), Sport (1950)

DEO: meia armador-Auto Esporte (1957)

DETINHO: armador-Sport (1950)

DETINHO: goleiro baiano, ainda hoje lembrado pelo povão. Campeão pelo Santa Cruz em 1970/71/72/73

O baiano Diodete consagrou-e com Detinho (Foto: acervo do Blog)


DICO: centroavante-Náutico (1947)

DICO: volante: Náutico (1950) e Ferroviário

DICK: Goleiro, carioca, ex-América do Rio-Sport (1959)

DINHA: lateral esquerdo-Santa Cruz (1965)

DODA: ponta direita-Íbis (1959)

DODÓ: meia direita-Sport (1934)

DODÓ: quarto zagueiro-Sport (1962)

DODÔ: lateral esquerdo-Santa Cruz (1959 / 62) e Sport (1963)

DORICO: ponta direita-Torre (1936)

DORO: lateral direito-Torre (1940)

DOUTOR: volante-América (1948)

DUDA: ponta esquerda-Íris (1936)

DUDA: centroavante alagoano-Sport (1968 / 72). Artilheiro do Campeonato Pernambucano de 1971, com 12 gols.

DUDA: lateral esquerdo do América (1965) e em seguida do Santa Cruz. Era irmão de Astrogildo, antigo ídolo do América, que passou a ser técnico,

DUDINHA: goleiro do Central, de 1961 a 1964, e do Sport (1967)

DUDU: ponta esquerda do Flamengo/PE (1949)

DURANDA: goleiro-Íbis (1948)

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