Atacante flagrado em excesso de velocidade
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Não está no livro, mas quando Amaury
começou a ficar famoso, surgiu uma polêmica em torno da naturalidade, tanto
dele como de seu irmão Toinho, que também brilhou nas Repúblicas Independentes
do Arruda. É que o pessoal de Bonito dizia que Amaury nascera lá e apenas
crescera em Bezerros, o que os bezerrenses contestavam. Discussão à parte,
voltemos ao futebol de Bezerros propriamente dito. Aqui vai um trecho do
capítulo do livro em que Paulo Rocha refere-se a um caso envolvendo um personagem
de sua vivência:
“O América enfrentou fortes equipes
da Capital e da Região, e dificilmente perdia uma disputa, mesmo no terreno do
adversário. Como não há invencibilidade que não acabe, certo dia foi jogar
contra a seleção de Vitória de Santo Antão. O juiz escolhido foi o sisudo e
bairrista Manoel Pereira e Silva, carinhosamente conhecido por Né Guaru, um
comerciante que não se sentia orgulhoso de ser brasileiro porque sua pátria era
Bezerros. Somente Bezerros.
O jogo, equilibrado, caminhava para
um empate, pois nenhuma equipe tinha mostrado talento para superar a defesa
adversária. Placar em branco. Faltando cerca de 10 minutos para o fim do jogo,
o centroavante de Vitória, rápido como um bólido, apara a bola no peito e sai
com ela dominada, alcança a entrada da grande área, infiltra-se entre os dois
zagueiros e prepara-se para o arremate final. Perigo de gol. Estático, sentindo
a derrota do América, o árbitro Né Guaru não hesita e aciona o apito.
- Priiiiiiiiiiiiiiiiiiu!
O crioulo para. Coloca as mãos na
cintura, quase não acreditando na cena, e pergunta:
- O que houve, “seu juiz”?
Né Guaru, quase sem explicação,
resolve falar:
- Excesso de velocidade!
Guardou o apito. O jogo foi
encerrado e o América não perdeu. Continuou invicto. Por muito tempo. E Né
Guaru perdeu a invencibilidade. Apanhou da torcida e entrou na mala de um
automóvel para não ser linchado pelos vitorienses”.
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