Conversa animada no antigo Estádio Pedro Victor. Dos quatro, só eu ainda estou por aqui |
Conheci Ivan Bulhões, que acaba de nos deixar para sempre, com 91 anos de idade, vários dias depois de ter sofrido um AVC, no início da década de 50. Eu atuava na Rádio Clube e no Diário de Pernambuco. Ivan, nascido em Alagoas, dividia-se entre a empresa aérea Cruzeiro do Sul, com escritório na Av. Marquês de Olinda, no Bairro do Recife, ou Recife Antigo, como queiram, e o Diário da Noite, vespertino da Empresa Jornal do Commercio, que tinha como editor de Esportes, o irreverente Aramis Trindade. Estávamos sempre juntos em coberturas, principalmente na Federação Pernambucana de Futebol. Ivan chegou a fazer o curso de árbitros, mas não foi em frente, tendo preferido o jornalismo.
Era, sobretudo, um
brincalhão, e até o nosso último contato pessoal, na frente da igreja da
Conceição, em Caruaru, sempre me tratou como Japonês.
Entre suas inúmeras
passagens que me levaram a cair no riso, uma aconteceu em Vitória de Santo
Antão. A seleção local enfrentava a de Caruaru pela disputadíssima Copa do
Interior. Eu cobrindo para o DP e Ivan para o DN. Meu companheiro foi convocado
pela equipe da Rádio Difusora de Caruaru, da mesma Empresa Jornal do Commercio
em que ele trabalhava, para fazer parte da transmissão. Em dado momento, houve
uma dúvida sobre se numa bola prensada junto à linha de fundo tinha havido
escanteio ou tiro de meta. Ivan deu esta definição, certamente trazida dos
tempos em que era aluno de arbitragem:
– Numa jogada dessa, se na
batida da bola a gente ouve somente um “pam”, a bola foi prensada, é da defesa.
Mas se ouvir “pam, pam” é que foi chutada pelo atacante e bateu no beque antes
de sair. Portanto, escanteio!
Ivan foi se chegando a
Caruaru aos pouquinhos e terminou ficando. Suas idas à antiga Terra dos
Avelozes passaram a ser constantes, inicialmente por causa do futebol, depois
por outros motivos. Começou a vincular-se definitivamente à cidade, pela Rádio
Cultura, passando depois pela Difusora e pela Liberdade, levando para onde ia
uma verdadeira legião de ouvintes, não só da Capital do Agreste, mas de toda a
Região.
Logo deixou o esporte e
passou a se dedicar aos programas policiais e regionais, valorizando com muito
empenho a música nordestina, sempre apoiando os artistas em início de carreira.
A caravana de Ivan Bulhões
percorreu estradas pernambucanas e de Estados vizinhos, levando alegria ao povo
e ajudando uma porção de cantores, sanfoneiros, violeiros e por aí vai, a se expandir
no mundo forrozeiro.
Sem dúvida, os antigos fãs
sentirão falta do seu sotaque bem nordestino e da fala, às vezes, empolada. Vai
com Deus, meu caro Ivan.
Republicado no meu Blog
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