PELÉ JOGOU E A GUERRA PAROU


Bicicleta, uma das muitas aptidões de Pelé (Foto: Museu da Pelada)


Gilmar, Pelé, Edu, Coutinho, Zito, Oberdan, ninguém acreditou no que viu assim que deixou o aeroporto de Brazzaville, no antigo Congo Belga. Havia mais tanques do que carros nas ruas. Só o empresário da excursão à África se mostrava confiante. Até Pelé, sempre cordato, irritou-se com os jogos em meio a uma guerra. 


Assim o Santos jogou quatro amistosos no Congo quando surgiu o convite para uma quinta apresentação. O problema era viajar a uma zona ainda mais conflagrada. O agente apressou-se a justificar o amistoso seguinte:

– Fiquem calmos, eles param a guerra: vão querer ver Pelé.

Todos se surpreenderam com a reação de Pelé, que chamou o empresário de louco. E Oberdan pensou: o negrão está nervoso e ainda assim marcou cinco gols em quatro jogos. E a delegação partiu para Lagos, na Nigéria. A leste do país, corria a guerra civil de Biafra, havia temor de atentados. O governo nigeriano garantiu a proteção da polícia ao Santos e mandou o exército cercar a cidade.

Cartazes brancos espalhados pela capital ao mesmo tempo sugeriam trégua e convidavam para a grande exibição de Pelé. Nem um tiro foi disparado, nem um incidente de rua registrado. Pelé fez dois gols no empate em 2 a 2, e Oberdan entrou no lugar de Rildo no segundo tempo e voltou a pensar: o negrão queria acabar logo com isso, por isso marcou dois gols.

Assim que o Santos levantou voo, a guerra foi retomada. Oberdan jogou oito anos com Pelé. Depois, esteve no Grêmio em 77 e 78. Pelé jogou e a guerra parou.


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