BOLA, TRAVE E CANELA/Lenivaldo Aragão

 

Juiz sem pernas e esperteza de Valdemar Carabina


Valdemar Carabina (Reprodução Internet)

 Em Patos, na Paraíba, o Esporte local estava perdendo para o Campinense por 1 x 0, em jogo do Campeonato Paraibano. O time da casa não queria ser derrotado em seus domínios, de jeito nenhum, mesmo que o adversário fosse um dos candidatos ao título de campeão. O rubro-negro de Campina Grande resistia a todas as investidas dos anfitriões, que batalhavam com todas as suas forças em busca do empate.

Perdido por um, perdido por dez, deve ter raciocinado o técnico do Esporte, quando determinou que sua equipe se mandasse impetuosamente para a frente, mas sem se descuidar da retaguarda. Só que o Campinense não estava disposto a entregar o ouro sem mais nem menos. Tratou de rechaçar a bola para bem longe, sempre que o ‘inimigo’ batia à sua porta.

A partida havia se transformado numa verdadeira correria porque ao mesmo tempo em que se defendia dos ataques do Pato, a Raposa contra-atacava, na intenção de assinalar mais um gol e ‘matar’ o jogo.

Com o calor, que em Patos é de rachar, os jogadores dos dois lados já davam sinais de esmorecimento. E o que dizer do árbitro, que não podia ficar parado um só momento? O homem de preto corria dobrado. Mas terminou entregando os pontos.

Para surpresa geral, quando faltavam uns bons minutos para o encerramento do encontro, Sua Senhoria soprou fortemente o apito e deu o jogo por encerrado.

Estupefação de canto a canto do estádio, com a atitude inusitada do juiz. Os jogadores do Esporte passaram a acossá-lo exigindo a continuação da disputa.

– O jogo tá muito corrido, já tô sem pernas e não tenho condições de continuar. Tá encerrado – disse o mediador.

Esperto foi o técnico Valdemar Carabina (ex-Náutico, Santa Cruz, Sport e Central). Ao ouvir essa explicação, o treinador do Campinense mandou seus jogadores correrem para o ônibus, imediatamente.

Assim foi feito, e antes que houvesse uma mudança de atitude por parte do juiz, o time de Campina Grande se mandou, deixando para tomar banho em algum lugar no meio da estrada. Ou seja, o astuto técnico pegou na palavra e evitou uma nova decisão em segunda instância.

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