Histórias do Santos dos bons tempos

 

Rei Pelé e Pepe, contador de 'causos'' (santosfc.com.br)
 

Passagens do Santos dos velhos tempos, algumas contadas pelo ex-ponta-esquerda Pepe, ele que fazia parte daquela coleção de astros que encantou o mundo.

1) Primeiro tempo no Brinco de Ouro, em Campinas, Guarani 1 x 0, Santos. No vestiário, depois que todos entraram para o intervalo, o técnico Lula bateu a porta, furiosamente, e começou a gritar, criticando a equipe. Zito, o capitão, procurou maneirar:

 – Calma, professor. O time deles está correndo muito. O jogo está difícil.

– Está difícil, Zito? Então. O Santos, bicampeão mundial, pode perder para um timinho desses? E você, Zito?  O tal do Bugre está acabando com você. Quem é esse Bugre para marcar você? – replicou o treinador, tremendo de raiva.

 Zito e os outros jogadores tiveram que conter o riso, pois Bugre é como é conhecido o Guarani por ter um índio por símbolo. E Lula pensava que era nome de jogador. Mas o Peixe terminou derrotando o Bugre, de virada: 3 x 1.

 2) Já uniformizados, jogadores esperam as últimas instruções antes de um clássico com o Palmeiras. Lula reúne o pessoal, abre um sorriso, mostrando calmaria e tranquilidade. E manda ver:

– O jogo não tem mistério. Ganhamos fácil. Basta que os quatro homens do meio-campo formem um triângulo para acabarmos com eles.

 Difícil foi formar o tal triângulo com quatro homens. O bom é que o Santos ganhou a parada.

 3) O Santos estava goleando o Bahia. À certa altura, o zagueiro Valença, do tricolor baiano, exasperou-se e começou a distribuir pontapés para cima de Pepe.

 – Calma, rapaz, você está batendo no homem errado – disse o ponta, apontando para o meio do campo:

 – Solta o pé naquele ali. É Pelé. Ele é que é o culpado de tudo. Nós apenas ajudamos.

 4) Em qualquer lugar que o Santos chegava havia uma multidão esperando a delegação. Todos queriam ver Pelé. E Pepe recomendava sempre:

– Vai na frente, crioulo, que a gente te segue.

Com essa tática, todos os torcedores e repórteres corriam atrás de Pelé, e os outros jogadores do Peixe podiam passar tranquilamente em direção ao ônibus.

 5) Havia no elenco santista, um jogador engraçado chamado Pitico. Conta-se que certa vez ele esticou uma folha de papel para o histórico presidente santista, Athiê Jorge Cury, em que havia desenhado um enorme número "8" no centro, dizendo que aquela era sua pedida — em milhões, naturalmente — para renovar contrato. Athiê teria apanhado o papel e cortado uma das laterais do 8, transformando-o em um 3. Devolveu então o papel a Pitico, que olhou, pensou e respondeu:

— Presidente, não vai ser por 5 milhões a mais ou a menos que a gente vai brigar, não é? Dá o contrato aqui que eu assino!

 6) Em 1975, já como técnico da equipe, Pepe, que gostava de Pitico a ponto de chamá-lo de "filho", deu-lhe uma notícia:

— Meu filho, você vai para o América de Rio Preto.

— Meu filho??? — respondeu, indignado, Pitico, que queria continuar no Santos, o seu time do coração. — E isso lá é coisa de pai??? Isso é coisa de padrasto, isso sim!!!

 

 

 

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