A fachada,já modernizada do Prá Vocês (Foto: Humberto Araújo/Cortesia) |
Eu ainda era adolescente em Santa Cruz do Capibaribe e ouvia a Rádio Clube de Pernambuco anunciar na voz de Célio Tavares (Cleo), Fernando Castelão, Laudenor Pereira etc., durante a transmissão de jogos, a formação da Cadeia da Amizade. Esta era constituída de emissoras do Interior, serviços de autofalantes e estabelecimentos comerciais, que se uniam à velha PRA-8, na retransmissão das partidas domingueiras. Entre os componentes da ‘rede’ estava o “Bar e Restaurante Prá Vocês, no Pina.”
Mais tarde, já morando no
Recife, conheci a casa de pasto que, justamente por causa da Cadeia da Amizade,
tanta curiosidade me despertava. Passei a ser um dos seus frequentadores,
incialmente bissextos, depois, com mais assiduidade.
Chico Anísio e Severino, o proprietário |
Ponto de reunião semanal de
uma turma de caruaruenses ou de cidades vizinhas à Capital do Agreste, sua
peixada atraía gente de todas as áreas, principalmente após o fechamento do seu
vizinho Maxime. Antes de dirigir o Sport, quando vinha ao Recife, o técnico
Vanderlei Luxemburgo não perdia a oportunidade de lá comparecer, com membros da
sua comissão técnica do momento.
A implantação de placas nas
paredes, com desportistas, empresários ou artistas dando nome a uma hipotética
avenida ou praça, na cidade imaginária criada pelo jornalista Augusto Boudoux
tornou a Casa mais conhecida.
A última que presenciei
homenageava o ex-goleiro Wendell. Um dos seus irmãos, Wallace, antigo goleiro
de futsal, onde Wendell começara, tinha cadeira cativa lá. Quisesse encontrá-lo,
aparecesse minutos depois do Jornal Nacional. Era tiro e queda. Lá estava ele,
dando cortadas até no vento, tomando sua cervejinha e jogando gamão. O
proprietário Severino Reis, conhecido como Pivete, e o filho Samuel,
rubro-negros, acolhiam gente de outras cores e bandeiras, com o mesmo afeto.
Nem todos sabem, mas o Prá
Vocês, um reduto de amigos, boêmios e contadores de histórias, como o advogado
Jório Valença, nascido em São Bento do Una, absorvido por Caruaru e tomado de
vez pelo Recife, fechou suas portas, deixando décadas de saudades e de doces
lembranças.
Fui habitué do happy our no Maxime, e Dr Wallace era presença garantida com sua turma, Marcelo Carneiro Leão mandava apanhar crianças em Brasilia Teimosa e as reunia em farta mesa, ouvindo historias, colocando no colo(gostava de usar branco), depois da refeição fazia questao de mandar uma "quentinha" para cada mãe. Atendimento impecável do garçon amigo Severino. Temos uma amiga eternamente fofa que foi nome de viaduto na cidade imaginária, sabe quem é?
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