SELEÇÃO CACARECO (17)



Reabilitação em cima do dono da casa

Em pé, Gentil Cardoso, Traçaia, Zé de Melo, Paulo, Geraldo, Elias e Edmundo (massagista); agachados, João de Maria (massagista), Edson, Waldemar, Zequinha, Givaldo, Zé Maria e Clóvis

A derrota para o Uruguai causou tristeza, mas não   frustração. A Celeste tinha tradição e impunha   respeito. As atenções da Seleção Brasileira logo se voltaram para o terceiro jogo, contra o Equador, o dono da festa. Gentil Cardoso decidiu mudar a meia-cancha, escalando Zé Maria, um volante técnico, de características mais ofensivas, para o lugar de Biu. Este era um bom jogador, porém, mais capacitado à marcação. E o Brasil precisava atacar.
Zé Maria, aliás, tinha trabalhado com Gentil Cardoso em 1955, quando o Sport sagrou-se campeão pernambucano, no ano de seu cinquentenário. Durante um bom tempo foi o capitão da equipe rubro-negra.

Com essa modificação, Gentil adotava o sistema 4-2-4, com o qual o Brasil tinha levantado o Mundial na Suécia, mas ainda pouco utilizado pelos clubes brasileiros. O meio de campo passava a ser formado por Zé Maria e Geraldo.  

TIME DA CASA ASSUSTA
O Equador podia não ter prestígio no futebol sul-americano, mas era uma seleção que merecia ser respeitada, principalmente porque vinha de um empate por 1 x 1 com a bicampeã   Argentina. E jogava em casa.
Zé Maria brilhou na meia-cancha

O empate que o Equador havia conseguido diante dos argentinos entusiasmou a torcida local, que lotou o estádio para ver sua equipe enfrentar o Brasil. A Cacareco dominou o jogo, poderia ter até aplicado uma goleada. Mas não foi esta a impressão inicial, posto que, de saída os brasileiros tiveram um susto. Aos 12 minutos, o atacante Raffo abriu a contagem para os donos da casa, deixando o time de Gentil Cardoso um tanto desarrumado por alguns instantes.

Como era superior, a Seleção Brasileira aos poucos reorganizou-se. Aos 20 minutos, o centroavante Paulo empatou o jogo. O Brasil continuou atacando e saiu para o intervalo com o placar favorável: 2 x 1. O gol de desempate foi assinalado de cabeça por Geraldo, o jogador mais técnico da equipe brasileira.

Na segunda fase, a Cacareco permaneceu senhora da situação. A Seleção Equatoriana partiu para cima, mas encontrou uma barreira intransponível. Quando conseguia chutar, tinha no goleiro Valdemar seu último e imbatível obstáculo.
O goleiro Waldemar fez brilhantes intervenções

A partida ia se aproximando do fim, com os equatorianos lutando brava, mas infrutiferamente, em busca do empate, quando, num contra-ataque, o cearense Zé de Melo assinalou o terceiro gol dos brasileiros. Resultado final, Brasil 3 x 1 Equador.

Foi uma festa. A vitória reabilitadora apagava a mágoa causada pela derrota diante dos uruguaios, e os brasileiros recebiam muitos elogios pelo bom futebol apresentado.
A Rádio Bandeirantes, na voz de Darcy Reis, se encarregava de espalhar aos quatro ventos o sucesso da Cacareco diante do dono da casa, além das rádios locais, Clube, Jornal do Commercio e Olinda.

Brasil: Waldemar; Zequinha, Edson e Givaldo; Zé Maria e Clóvis; Traçaia (Tião), Zé de Melo, Paulo, Geraldo (Biu) e Elias (Goiano).
Equador: Bonnari; Arguelo e Gonzabay; Galarza, Gomez e Zaguirre; Balseca, Palacios, Raffo, Spencer e Canarte
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ÁRBITRO CONHECIDO
A arbitragem foi do uruguaio Esteban Mariño, conhecido dos pernambucanos. Ele era contratado pela Federação Paulista e foi cedido para apitar os três jogos do supercampeonato de 1957, disputado já em 1958, e ganho pelo Santa Cruz. Os resultados foram estes:
Náutico 1x1 Sport
Santa Cruz 3x1 Náutico
Santa Cruz 3x2 Sport.

Comentários

  1. Além da entrada de Zé Maria, a escalação de Zé de Melo fez com que o Brasil ficasse quase como se fosse um 4 - 3 - 3.

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