Tricolor de corpo e alma
Estou de volta com o meu Alô, Alô, Saudade. Foi uma pausa de um
monte de dias sem botar letras na coluna. Nem falta fez porque o mestre
Lenivaldo jogou belas histórias, histórias de ontem e de hoje.
Chego com uma boa notícia. O grande
tricolor João Caixero nos mandou fotos da irrigação do segundo campo do Centro
de Treinamento do Santa Cruz, em Aldeia (Camaragibe), ainda sem grama.
Qualquer dia, aceito o convite de
Caixero para ver o local onde o nosso Santa vai formar futuros jogadores.
Deixa ir embora esse vírus invisível, que vem matando tanta gente em todos os
recantos do mundo.
E por falar do Santa, vou mostrar a
abertura do caminho para minha paixão por três cores que nos enchem de orgulho,
orgulho também que habita o coração e a alma de uma multidão de tantos e tantos
tricolores de todas as classes sociais, que vivem no asfalto dos ricos e da
população de bom poder aquisitivo, e, sobretudo, da galera que mora,
principalmente, nos morros e bairros distantes do centro do nosso Recife tão
amado.
É um artigo estampado numa das
páginas do segundo volume do livro Santa
Cruz de Corpo e Alma e publicado aqui, com autorização do próprio João
Caixero, o autor dessa rica memória, com ajuda de centenas de tricolores, e com
a participação de alguns bons jornalistas. Lá vai então.
"EU SOU TRICOLOR DE CORPO DE
ALMA"
Não, não! Nada contra, gosto do
Sport, do Náutico, do Central, do América, do Íbis. Mas, senhoras e senhores,
eu sou é tricolor. E atenção...De Corpo e Alma.
Nada mais falso do que o jornalista
dizer não às suas cores. Todos, todos que conheci nos meus 51 anos de
atividades no jornalismo (rádio, jornal e TV, de 1964 a 2015), tinham ou têm
seu clube. Afinal, não custa refletir: o torcedor nasce ainda criança, bem
antes do sonho profissional. Comigo não foi
diferente!
Fui Santa com dez, doze anos de
idade. Fui Santa nos anos 50. Anos de uma história inesquecível: março de 1958,
caminhava pela quase deserta Rua Campos Sales, num domingo, em Caruaru. De uma
casa veio o som anunciando o gol, de pênalti, de Aldemar, não sei se na voz de
Célio Tavares (Cleo), da PRA-8, a velha Rádio
Clube, de Fernando Castelão ou de Fernando Ramos, da emissora que falava
para o mundo, a Rádio Jornal.
Foi o grito do segundo gol, na
decisão com o Sport, do supercampeonato de 57. O Santa fez mais um gol, levou
dois, ganhou. São lembranças que o tempo não apaga. Importante dizer que eu em
Caruaru, já era Vera Cruz, um clube também tricolor.
Santa, supercampeão! Anos depois conheci quatro monstros
sagrados ou heróis de um passado sempre atual: Zequinha, Aldemar, Mituca e
Jorginho.
(Observação que não está no livro:
todos já foram ao encontro com Deus.)
O futuro me fez jornalista. Ai, vi,
ouvi, convivi com grandes feras do futebol pernambucano, divididas entre Santa,
Sport, Náutico e Central.
No Santa, os goleiros Detinho e
Gilberto, os dois Pedrinhos (o goleiro e o lateral), Gena, Mazinho, Ramon,
Terto, Nunes, Givanildo, Ricardo Rocha, Minuca, Zito, Erandir, Ruiter, Dilson
Marques, Facó, Mirobaldo, Fernando Santana, Zé do Carmo, Betinho, Bita, o Homem
do Rifle, Miruca, Cuíca, Luciano, a Maravilha do Arruda, Rubens Salim e tantos,
tantos outros.
São nomes guardados na minha própria
história, mas uma história com onze heróis alinhados na galeria da paixão:
Aníbal; Diogo e Sidney: Zequinha, Aldemar e Edinho; Lanzoninho, Faustino,
Rudimar, Mituca e Jorginho.
Santa, supercampeão de 1957. Em pé, Sidney, Diogo, Aníbal, Aldemar, Edinho e Zequinha. agachados, Lanzoninho, Rudimar, Mituca, Faustino e Jorginho |
Eles, os supercampeões de 57 formaram
minha emoção, é a vida, o hoje, o amanhã, mas carregados de lembranças dos ídolos
que rondaram às áreas do meu sonho, o sonho de gols, de dribles, de lindas
defesas, de eternas vitórias.
Sei, sempre soube dividir: o coração
aqui, a verdade ali, na máquina, no computador, no microfone, valeu, prevaleceu
a razão. Mas, amante da democracia, não há como destruir as origens.
Sou Santa Cruz...e jornalista,
jornalista mesmo, sempre!
Paulo Moraes,que prazer retornar a ler as tuas crônicas. Você como sempre, assumindo seus compromissos e separando as obrigações. Relembrei o tempo de sua participação nos jogos,
ResponderExcluirentrevistando torcedores e pedindo para eles transmitirem um gol. Genial. Abs amigo.
.