Alô, Alô, Saudade - PAULO MORAES


Tricolor de corpo e alma


Estou de volta com o meu Alô, Alô, Saudade. Foi uma pausa de um monte de dias sem botar letras na coluna. Nem falta fez porque o mestre Lenivaldo jogou belas histórias, histórias de ontem e de hoje.

Chego com uma boa notícia. O grande tricolor João Caixero nos mandou fotos da irrigação do segundo campo do Centro de Treinamento do Santa Cruz, em Aldeia (Camaragibe), ainda sem grama.

Qualquer dia, aceito o convite de Caixero para ver o local onde o nosso Santa vai formar futuros jogadores. Deixa ir embora esse vírus invisível, que vem matando tanta gente em todos os recantos do mundo.

E por falar do Santa, vou mostrar a abertura do caminho para minha paixão por três cores que nos enchem de orgulho, orgulho também que habita o coração e a alma de uma multidão de tantos e tantos tricolores de todas as classes sociais, que vivem no asfalto dos ricos e da população de bom poder aquisitivo, e, sobretudo, da galera que mora, principalmente, nos morros e bairros distantes do centro do nosso Recife tão amado.

É um artigo estampado numa das páginas do segundo volume do livro Santa Cruz de Corpo e Alma e publicado aqui, com autorização do próprio João Caixero, o autor dessa rica memória, com ajuda de centenas de tricolores, e com a participação de alguns bons jornalistas. Lá vai então.
"EU SOU TRICOLOR DE CORPO DE ALMA"

Não, não! Nada contra, gosto do Sport, do Náutico, do Central, do América, do Íbis. Mas, senhoras e senhores, eu sou é tricolor. E atenção...De Corpo e Alma.

Nada mais falso do que o jornalista dizer não às suas cores. Todos, todos que conheci nos meus 51 anos de atividades no jornalismo (rádio, jornal e TV, de 1964 a 2015), tinham ou têm seu clube. Afinal, não custa refletir: o torcedor nasce ainda criança, bem antes do sonho profissional. Comigo não foi diferente!

Fui Santa com dez, doze anos de idade. Fui Santa nos anos 50. Anos de uma história inesquecível: março de 1958, caminhava pela quase deserta Rua Campos Sales, num domingo, em Caruaru. De uma casa veio o som anunciando o gol, de pênalti, de Aldemar, não sei se na voz de Célio Tavares (Cleo), da PRA-8, a velha Rádio Clube, de Fernando Castelão ou de Fernando Ramos, da emissora que falava para o mundo, a Rádio Jornal.

Foi o grito do segundo gol, na decisão com o Sport, do supercampeonato de 57. O Santa fez mais um gol, levou dois, ganhou. São lembranças que o tempo não apaga. Importante dizer que eu em Caruaru, já era Vera Cruz, um clube também tricolor. 



Santa, supercampeão! Anos depois conheci quatro monstros sagrados ou heróis de um passado sempre atual: Zequinha, Aldemar, Mituca e Jorginho.

(Observação que não está no livro: todos já foram ao encontro com Deus.)

O futuro me fez jornalista. Ai, vi, ouvi, convivi com grandes feras do futebol pernambucano, divididas entre Santa, Sport, Náutico e Central.

No Santa, os goleiros Detinho e Gilberto, os dois Pedrinhos (o goleiro e o lateral), Gena, Mazinho, Ramon, Terto, Nunes, Givanildo, Ricardo Rocha, Minuca, Zito, Erandir, Ruiter, Dilson Marques, Facó, Mirobaldo, Fernando Santana, Zé do Carmo, Betinho, Bita, o Homem do Rifle, Miruca, Cuíca, Luciano, a Maravilha do Arruda, Rubens Salim e tantos, tantos outros.

São nomes guardados na minha própria história, mas uma história com onze heróis alinhados na galeria da paixão: Aníbal; Diogo e Sidney: Zequinha, Aldemar e Edinho; Lanzoninho, Faustino, Rudimar, Mituca e Jorginho. 

Santa, supercampeão de 1957. Em pé, Sidney, Diogo, Aníbal, Aldemar, Edinho e Zequinha. agachados, Lanzoninho, Rudimar, Mituca, Faustino e Jorginho


Eles, os supercampeões de 57 formaram minha emoção, é a vida, o hoje, o amanhã, mas carregados de lembranças dos ídolos que rondaram às áreas do meu sonho, o sonho de gols, de dribles, de lindas defesas, de eternas vitórias.

Sei, sempre soube dividir: o coração aqui, a verdade ali, na máquina, no computador, no microfone, valeu, prevaleceu a razão. Mas, amante da democracia, não há como destruir as origens. 

Sou Santa Cruz...e jornalista, jornalista mesmo, sempre!



Comentários

  1. Paulo Moraes,que prazer retornar a ler as tuas crônicas. Você como sempre, assumindo seus compromissos e separando as obrigações. Relembrei o tempo de sua participação nos jogos,
    entrevistando torcedores e pedindo para eles transmitirem um gol. Genial. Abs amigo.
    .

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