Antonio Maria era um pernambucano ausente e saudoso (Fundação Joaquim Nabuco) |
Folião à minha maneira, fazendo o passo rasgado – hoje nem tanto – sem precisar
ninguém me ensinar, estou entrando no clima de mais uma folia. Dentro do
possível, focalizarei alguns frevos ou algumas histórias que tenham alguma ligação
com o futebol. Como o que vou recordar, oficialmente chamado Frevo nº 1.
Do seu 'exílio' no Rio de Janeiro, o célebre compositor e jornalista
recifense ANTONIO MARIA Araújo de
Morais, externava assim sua nostalgia ao relembrar os amigos, a boemia, o
Carnaval e a atividade de radialista na Terra dos Altos Coqueiros:
Ô, ô, ô, saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do Clube das Pás, do Vassouras
Passistas traçando tesouras
Nas ruas repletas de lá
Batidas de bombos
São maracatus retardados
Chegando à cidade, cansados,
Com seus estandartes no ar.
Que adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo
Valfrido Cebola no passo
Haroldo Fatia, Colaço
Recife está perto de mim.
GRANDES FIGURAS
Primeiro, falarei rapidamente do célebre compositor, que começou na
área, como locutor da Rádio Clube de Pernambuco. Na época fazia de tudo,
inclusive atuando como cronista esportivo. Os personagens por ele citados na
letra eram seus amigos.
Haroldo Fatia |
Valfrido Cebola, além de
carnavalesco era ligado ao Santa Cruz, como diretor e treinador dos
juvenis. Figura popularíssima e um dos parceiros de Antonio Maria na peregrinação pelos bares da cidade.
Colaço, bebum muito conhecido, torcedor do Sport, irreverente, podia ser visto
ainda nos anos 60 na calçada do tradicional Bar Savoy, geralmente com uma
camisa rubro-negra, pedindo a um e a outro para pagar-lhe uma bebida. Mexia com
todos os conhecidos e era suportado, mesmo pelos adversários. Tipo engraçado, era
outro companheiro de boemia de Antonio
Maria.
Quanto a Antonio Maria, de
aguçada inteligência, nascido numa família originária da indústria açucareira, deixou
o Recife muito cedo, no início dos anos 40, em busca de um lugar ao sol no Rio
de Janeiro, então a capital da República, de imensa efervescência cultural, ambiente
apropriado para Antonio Maria. Antes
de consagrar-se, efetivamente, na Cidade Maravilhosa, ele deu uma saída para
atuar em Fortaleza e Salvador.
Nascido na capital pernambucana em 17/3/1921, Antonio Maria morreu no Rio de Janeiro, de repente, em plena
divagação noturna, em 15/10/1964, com 43 anos. Deixou uma série de composições
na área romântica, gravada por uma variedade de intérpretes, e mais dois frevos
demonstrando a dor de cotovelo em relação à cidade natal.
Antonio Maria teve um filho também jornalista, atuando na área esportiva.
Trata-se de Antonio Maria Filho,
cuja carteira de identidade dá a cidade de Palmares, como local de seu
nascimento. Durante muitos anos fez parte da equipe esportiva de vários jornais
do Rio, principalmente do Jornal do Brasil.
Quando vinha ao Recife, Antonio Maria tinha por 'obrigação' tomar umas e outras com um seu parente, o desportista José Moriais, ou Morais do Queijo, que nos anos 60 viria a ser um dos cinco componentes do Bloco dos Josés, do Náutico, coordenado pelo executivo do Banco Nacional do Norte, o Banorte, José Porfírio de Andrade Morais..
👏👏👏👏Ótimo, conheci alguns dos personagens citados, menos o principal, Antônio Maria. Este, só o conhecia das páginas dos jornais.
ResponderExcluirJosé Torres