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CLAUDEMIR GOMES
O amigo, Ildefonso Fonseca,
alvirrubro dos melhores, daqueles cujo encarnado não desbota nunca, me
presenteou com um vídeo da Canção de Natal, de Chico Buarque de Holanda. Uma
pérola! Assim como foi o cartum do mestre Humberto Araújo. Os dois amigos usaram
a arte para lembrar que estamos em tempo de reflexão. Acredito que essa seja
uma das propostas do Natal: ressaltar para a humanidade a necessidade de rever
conceitos e valores.
Tudo começou há mais de dois
mil anos, quando Jesus de Nazaré, nascido na Palestina, criou o Cristianismo,
que vende a vida eterna e tem o símbolo mais forte do planeta: a cruz. Tempos
depois, precisamente 280 anos após o nascimento de Cristo, nasce na Turquia,
São Nicolau de Mira, que foi canonizado pela Igreja Católica, por ter feito
vários milagres. Em seguida foi adotado como padroeiro na Rússia, na Grécia e
na Noruega. Inspirado em São Nicolau se criou a figura de Papai Noel – O bom
velhinho – que presenteava os menos favorecidos.
Bom! Como as mudanças são
permanentes e constantes, é impossível falar das metamorfoses e evoluções de
todas as espécies. Apenas duas coisas parecem imutáveis: o Natal e a
desigualdade social.
A extinta Varig, companhia de
aviação, fez sucesso com uma peça publicitária onde destacava: “Papai Noel
voando a jato pelo céu, trazendo um Natal de felicidade, e um ano novo cheio de
prosperidade”. E ninguém conseguiu segurar mais o velhinho que passou a ser a
figura mais midiática do planeta, um influencer que toma Coca-Cola, anda de
helicóptero, visita todos os shopping Center e segue encantando as novas
gerações. Enfim, “segue plantando flores onde não tem jardim”, como cantou o
mestre Chico Buarque.
E o Menino Jesus não é o
verdadeiro dono do Natal?
Bom! Isso é inquestionável.
Mas tudo indica que, o marqueteiro que criou a cruz como símbolo maior, e foi
convincente o suficiente para vender a vida eterna, tirou férias e saiu do
mapa. A Igreja Católica tem uma dificuldade enorme para entrar em sintonia com
o novo tempo.
Assistindo à edição do Jornal
Nacional, no Dia de Natal, constatei que, em várias partes do mundo, inclusive
em Israel, onde nasceu Jesus de Nazaré, a data foi ofuscada pela guerra.
Vale lembrar que as guerras
são “brincadeiras dos homens maus”. Não tem nada a ver dos brinquedos que Papai
Noel faz propaganda.
Na noite de Natal – eu e Áurea
Regina – paramos num sinal e contamos: três mulheres com nove crianças. O
cenário nos incomodou. Fez-se o silêncio.
De imediato lembrei de outra
pérola que me foi enviada pelo amigo Fábio Gondim: “Véspera de Natal”, de
autoria do grande Adoniran Barbosa.
“A criançada chorando, mesa
vazia, não tinha nada...”.
É isso aí!
Mesmo os que nasceram há dois
mil anos atrás, como o Raul Seixas, sabem que para uns o orifício da chaminé é
pequeno, Papai Noel fica engasgado e não passa de jeito nenhum.
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