Seleção Brasileira

 

Seleção pronta para voltar a campo (Foto: Rafael Ribeiro-CBF


"O MEU PORTUGUÊS RUIM"



CLAUDEMIR GOMES



A Era da Comunicação, como é chamada a nova ordem, por si só explica uma enxurrada de besteirol que vemos nas redes sociais, rádios, televisão... A verdade é que tem muita gente se achando, sem ter condição de achar nada. Mas não adianta nadar contra a maré. O silêncio é o que existe de mais sábio a ser feito por um cidadão que tem um pouco de discernimento.

Os mestres do achismo atacam em todas as vertentes. O futebol, que segue sendo uma das maiores paixões do brasileiro, não poderia ficar de fora deste contexto em que os pitaqueiros são tratados como reis, e até fazem fortunas como influences.

Vez por outra, até os profissionais experientes “dançam na maionese”. Recentemente, numa dessas mesas redondas da ESPN, com direito a presença de um ex-jogador tetracampeão, e jornalistas com várias coberturas de Copa do Mundo no currículo, o assunto dominante em mais de 15 minutos de programa foi as escorregadas dadas pelo jovem atacante Savinho durante uma coletiva de imprensa.

O rapaz de 20 anos, que começou sua carreira nas divisões de base do Atlético Mineiro, e atualmente está vinculado ao Manchester City, caiu em desgraça quando, do alto de sua sinceridade, revelou que não havia visto os últimos jogos da Seleção Brasileira. Vale lembrar que ele reside na Inglaterra onde a diferença de fuso horário para o Brasil é de 5 horas. Sendo assim, um jogo que aqui é disputado às 22 horas, lá já são 3 horas do dia seguinte.

Confesso que, em dado momento, pensei que estivesse vendo todos os “idiotas” que assustavam o mestre Nelson Rodrigues. Fiquei sem saber se o rapaz estava sendo entrevistado para um emprego na emissora de televisão, ou concorrendo a alguma cadeira da Academia Brasileira de Letras.

Ora! O que se deve exigir de um jogador que é convocado para defender a Seleção Brasileira de Futebol é que ele apresente um bom futebol, nada mais que isso. Tal como fez o Rivaldo no Mundial de 2002, quando foi um dos maiores protagonistas da conquista do penta. O craque pernambucano era terrível na comunicação, mas superava a tudo, e a todos, com a bola nos pés.

Nunca vi nenhum professor de oratória, nenhum imortal da ABL ou nenhum grande comunicador ser convocado para jogar na Seleção Brasileira. O problema do time comandado por Dorival Júnior não é de linguística. Tudo começa pela gestão da CBF que há muito tempo permite a farra dos empresários que empurram jogadores de qualidades discutíveis nas convocações.

Não existe nada mais melindroso nesse País do que a convocação da Seleção Brasileira. Dizem que é pior até do que insultar o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Entretanto, entra técnico, sai técnico, presidentes da CBF são trocados, mas o coloio dos empresários se mantém firme. É algo imprescindível na liturgia da entidade.

Mas é mais fácil espinafrar um jogador por conta do seu português ruim.

A turma do achismo é tão amarga quanto um gol contra.

 

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