Futebol Pernambucano

 

Foto: Reprodução


OS MITOS DA CAVERNA



CLAUDEMIR GOMES



Não sei se por praga, ou maldição dos deuses do futebol, mas o fato é que o futebol pernambucano atravessa um dos piores momentos de sua história. A desidratação dos clubes tradicionais; o encolhimento do processo de interiorização e a ausência de um fato novo são efeitos devastadores de gestões – clubes e federação – que se perderam na travessia do tempo.

O genial Fernando Pessoa, um dos maiores poetas da língua portuguesa, nos alerta no seu poema Tempo de Travessia: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo. E esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia”.

Com poesia, o sábio Pessoa nos mostra que, sem mudanças não há renascimento. O futebol pernambucano precisa ser reinventado.

Em recente reunião do Conselho Deliberativo do Sport, onde foi feita homenagem ao ex-presidente, Homero Lacerda, pelos relevantes serviços prestados ao clube rubro-negro, o conselheiro Pedro Leonardo Lacerda, deu um grito de alerta ressaltando a necessidade de se resgatar o DNA de antigos dirigentes. Suas observações nos levaram a reflexões, não apenas sobre as últimas gestões do Sport, mas também as administrações desastrosas que levaram Santa Cruz e Náutico a um processo de insolvência.

De uns tempos pra cá, nada se cria, nada se transforma no futebol da nossa aldeia, onde a filosofia implantada pelo burgo mestre Rubem Moreira – a eternização no cargo – segue em voga.

Acredito que a resposta vamos encontrar nos escritos do filósofo Platão, na Grécia antiga: O mito da caverna. Yes! Nós somos os homens da caverna que vivem acorrentados contra a parede. Não nos movimentamos, não temos nenhum conhecimento e nosso mundo é restrito as sombras.

E por sermos torturados pelo “mito da caverna”, como nos mostra Platão, somos presas fáceis para os vendedores de ilusões que normalmente surgem com a fórmula de uma nova bomba nuclear. E a massa carente, movida pelo viés da emoção passa a aplaudir os novos messias, que não são outra coisa senão fake News.

Os “idiotas”, que tanto o mestre Nelson Rodrigues temia, pegaram uma nave espacial e aportaram em Pernambuco. Viram no nosso promissor futebol, um campo fértil para suas experiências. Não encontraram barreiras porque os velhos e sábios dirigentes nunca se preocuparam com a travessia do tempo. Não prepararam as novas gerações que poderiam sucedê-los.

O caldo entornou e o pirão azedou!

O burgo mestre da vez segue se sustentando nas correntes imorais que mantém as ligas como fiéis “mitos da caverna”. Clientelismo doentio alimentado pelas sombras.

Mas o que é o nosso futebol, no momento, senão um mundo de sombras?

A mediocridade também assola na crônica esportiva. Os “mitos da caverna”, neste caso, de microfones na mão e fazendo caras e bocas ante as câmeras, numa chuva de podcast, discutem tudo, falam de tudo, até do “peido que a nega deu”, famoso cordel. Mas não enxergam o holocausto que murchou a nossa bola.

Praga, ou maldição, dos deuses do futebol?

 

Comentários

  1. Pura verdade falta gestão e seriedade nosso futebol tem historia pra contar.

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  2. SOU DE PESQUEIRA. FUTEBOL QUEM VIU BEM, QUEM NÃO VIU PROCURE OS VIDEOS DE ANTIGAMENTE. E NÃO É PESSIMISMO.

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