Com a partida de José Amaro, América perde seu maior defensor

 

Foto: Allan Lemos-Blog do Mequinha-Reprodução


 

LENIVALDO ARAGÃO



 

“Ele era um ícone do América”. A frase é do desportista João Antônio Moreira sobre o irmão, o ex-presidente, mais de uma vez, do América Futebol Cube, José Amaro Moreira. Aos 76 anos de idade, depois de um mês internado em hospital recifense, a maioria desse tempo na UTI, Zé Amaro, como era carinhosamente tratado no meio futebolístico, deu o último suspiro na manhã desta quarta-feira, 28-8-2024. A partir das 9h desta quinta, o desportista que nos deixou, começará a ser velado no Cemitério Morada do Sol, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Lá, o corpo será cremado, às 12h.

Economista na vida privada, ligado à Abracem (Associação Brasileira de Consultores Empresariais), tendo dirigido a Ceasa em Pernambuco durante vários anos, José Amaro, era viúvo e deixou duas filhas, que residem fora de Pernambuco: Karina (São Paulo) e Bianca (Inglaterra).

Na vida esportiva, Zé Amaro sempre vestiu a camisa do alviverde pernambucano, até por uma questão familiar. O América, em certo momento de sua existência, era conhecido como o clube dos Moreira por abrigar os irmãos José Augusto Moreira (Zezé), João Moreira, ambos ex-presidentes do Campeão do Centenário, e Rubem Moreira, que, América à parte, presidiu durante 27 anos ininterruptos (1955 a 1982) a Federação Pernambucana.

Era Rubem o diretor de futebol esmeraldino, em 1944, quando o Periquito levantou o último dos seis títulos de campeão pernambucano de sua história. Os  outros foram em  1918, 1919, 1921, 1922 e 1927. Na sua última conquista, o América era regido por Zezé, pai dos futuros presidentes José Amaro e João Antônio Moreira. Um neto, com o nome do avô, José Augusto Moreira, também exerceu o cargo.

Foi Zezé Moreira o responsável pela construção da sede do clube, localizada na Estrada do Arraial, a poucos passos do Sítio da Trindade, onde no Século XVII existiu o Arraial do Bom Jesus, uma fortaleza de grande importância para a expulsão dos holandeses invasores após 24 anos de domínio em Pernambuco, entre 1930 e 1954.

Um dos filhos de Zezé Moreira, José Alexandre MIRINDA Moreira bandeou-se para o Santa Cruz, do qual foi presidente, por influência de uma empregada doméstica da casa dos pais, mas nunca deixou de dar sua colaboração para com o clube dos Irmãos Moreira. Outro, Zé Alberto, é rubro-negro, tendo sido até diretor das divisões básicas na Ilha do Retiro.  

Durante toda a vida, Zé Amaro dedicou-se ao clube de seu coração e da família, de cujo Conselho Deliberativo fazia parte.

A Federação Pernambucana de Futebol decretou luto de três dias, em reconhecimento à dedicação do ex-dirigente americano, não apenas para o clube da Estrada do Arraial, mas para o futebol pernambucano em geral.   

Quatro dias antes de Zé Amaro sair do apartamento onde residia, em Olinda, para o hospital, de onde não voltaria, estive com ele, encaminhado pelos irmãos Mirinda e João Antônio. Queria algumas informações sobre os Irmãos Moreira para um livro que estou escrevendo sobre Rubem, o chamado Vice-Rei do Nordeste. Pretendia  aproveitar sua memória prodigiosa sobre assuntos relacionados com o América. Todavia, minha presença ao seu lado durou pouco tempo. Diante de seu estado, resolvi poupá-lo do sacrifício a que seria submetido.

Foto: Allan Lemos / Blog de Mequinha / Reprodução

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