No
primeiro duelo entre eles, o Leão fez história no terreiro do Galo
LENIVALDO ARAGÃO
Em
fins de 1941, na primeira vez que um time de Pernambuco ultrapassou os limites
da Bahia rumo ao Centro-Sul, o Sport, campeão pernambucano daquele ano, iniciou uma longa excursão àquela região,
que só terminou em março de 1942.
Comandado pelo uruguaio Ricardo Diez, um
grupo de jogadores do Leão embarcou a 5 de dezembro em um navio, rumo ao Rio de
Janeiro. Na antiga Capital Federal estavam a esperar os companheiros, os rubro-negros
que haviam integrado a equipe de Pernambuco no recém-encerrado Campeonato
Brasileiro de Seleções: Manoelzinho, Zago, Ademir, Pirombá, Furlan, Pitota,
Djalma, Mulatinho e Clóvis.
No início da maratona uma aceitável
derrota por 3 x 1 para o Flamengo, que mais tarde, em partida revanche,
receberia o troco do Leão. No revés para o rubro-negro carioca, o gol do Sport
foi marcado pelo argentino Magri.
Do Rio, a equipe leonina seguiu para
Belo Horizonte, onde o técnico Ricardo Diez e o zagueiro Zago, que já haviam
militado no futebol mineiro, foram bastante badalados.
O jogo de estreia realizou-se no dia 18
de dezembro, contra o América. Este rivalizava diretamente com o Atlético,
constituindo-se na segunda força do futebol das Alterosas, pois só décadas
depois é que o Cruzeiro, time da colônia italiana, chamado Palestra Itália,
explodiria como uma grande potência, suplantando o Coelho.
A presença dos pernambucanos despertava
curiosidade entre os mineiros, acostumados com times da Região, Rio e São
Paulo, principalmente. Porém, jamais uma equipe “nortista” tinha se apresentado
nas Alterosas.
Envolvente, o Sport empolgou os
torcedores que compareceram ao Estádio Otacílio Negrão de Lima. O juiz, como já
tinha acontecido no Rio, foi o pernambucano José Mariano Carneiro Pessoa, o popular
Palmeira, que acompanhava a delegação, como era praxe na época.
A partida terminou com a contagem de 5 x
1 para os pernambucanos, gols de Pirombá (2), Ademir, Magri e Navamuel. Carlos
Alberto marcou para os mineiros.
AMÉRICA: Vavá; Lulu e Pescoço; Cabral, Tiago e
Buzachi; Carlos Alberto, Didico (Armandinho), Camilo (Curi), Gerson e
Alfredinho.
SPORT: Manoelzinho;
Salvador e Zago; Pitota, Furlan e Bibi; Navamuel, Ademir, Pirombá, Magri e
Pinhegas.
A notável estreia dos pernambucanos em
Minas Gerais mereceu os mais elogiosos comentários da crônica esportiva
mineira, criando condições para que outro jogo fosse acertado.
No dia 21, o Sport enfrentou o Palestra Itália, hoje
Cruzeiro (o nome foi mudado, assim como o do Palmeiras de São Paulo, que também
se chamava Palestra Itália, por causa da posição da Itália, ao lado da Alemanha
e do Japão, no confronto com os Países Aliados, na Segunda Guerra Mundial).
O Sport não teve a mesma desenvoltura do
jogo anterior. No final, um empate de 0 x 0 satisfez a mineiros e
pernambucanos.
Depois de enfrentar o América e o
Palestra, o Sport voltou a campo no Dia de Natal, para conquistar uma histórica
vitória sobre o poderoso Atlético, que, num período de 22 anos só perdera uma
vez no seu estádio, por onde haviam passado grandes equipes cariocas e
paulistas.
Mais uma vez, Palmeira apitava a
partida. O Galo Carijó, empurrado por sua inflamada torcida, abriu a contagem,
mas o Sport não só conseguiu empatar, mas virou o placar – ao terminar o
primeiro tempo, os rubro-negros venciam por 3 x 1.
Na segunda fase, apesar de todo o
esforço dos mineiros, o Leão da Ilha foi quem terminou cantando de galo, ao
estabelecer o placar final de 4 x 2. Os gols dos pernambucanos foram de Ademir
(2), Furlan e Magri; Euclides e Baiano marcaram para os mineiros. Baiano foi
expulso nos instantes finais por ter agredido o goleiro Manoelzinho.
ATLÉTICO:
Kafunga; Ramos e
Canhoto; Cafifa, Hemetério e Bigode (o mesmo da Seleção Brasileira, na Copa do
Mundo, no Brasil, em 1950); Bené (Edgar), Tião, Baiano, Nicola (Euclides) e
Edgar. SPORT: Manoelzinho; Salvador
e Zago; Pitota, Furlan e Bibi; Navamuel, Ademir, Pirombá, Magri e Djalma.
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