UMA CENA VIVIDA POR TERTO, PARA MIM INESQUECÍVEL

 

Terto, o Flecha Negra, driblando o marcador (Foto: Reprodução)

Paulo Moraes

Ainda está habitando na minha memória. Eu, iniciante como repórter. Fazia a cobertura do Santa Cruz para a velha e querida Rádio Clube, a famosa PRA-8. Naquele ano de 1965, colhíamos as informações, escrevíamos, acredito que na saudosa máquina Remington, e os apresentadores relatavam os fatos para os ouvintes das resenhas esportivas. E qual o relato daquele dia do meados dos anos 60? Era sobre a bronca do técnico argentino Alfredo Gonzalez num jovem meia. A bronca foi dirigida a Terto, que chegara ao Arruda com um cigarro na boca. Foi mais ou menos o ano em que conheci Terto, que nos deixou aos 77 anos, em São Paulo, onde morava, na última terça-feira. Ali nasceu a minha amizade com Tertuliano dos Santos. Se deixou de fumar , não lembro. Sei que, mesmo a distância, a nossa amizade continuou. Certa vez, numa vinda dele ao Recife, para visitar a família, nos vimos. Depois, nunca mais. 

O antigo lateral-esquerdo Mocinho nos disse que Terto chegou ao Arruda em 1963. Mocinho, hoje chamado de Chora,  apelido carimbado nele, já como funcionário da Tv Globo, lembra bem que seu companheiro de clube, não participou do hexacampeonato conquistado pelo juvenil do Santa em 1964. Mocinho colecionou a faixa do título. 

Em 1966, Terto foi titular do time profissional do Tricolor. Era meia-esquerda, formava dupla com o saudoso volante Inaldo. Ao lado dele estavam os jogadores Ruiter, Erandir, Noberto, Josenildo e Manoel, por exemplo. Em 1967 , virou centroavante ao lado de nomes como Zinho, Araponga, Joel, Uriel e Nivaldo. Não tinha muita técnica. Era mais trombador e tinha grande velocidade. Foi chamado, salvo engano, pelo jornalista Francisco José, na época funcionário do extinto Diário da Noite, de o "Flecha Negra", exatamente por ser um velocista. Em 1968 mudou-se para o São Paulo, quando virou ponta-direita. Foi vestir a camisa sete do tricolor do Morumbi porque a dez era do craque uruguaio Pedro Rocha. De Rocha recebia preciosos passes para fazer seus gols. Depois, o lançador para os gols do ilustre pernambucano foi Gérson, o Canhotinha de Ouro. No São Paulo, 

Terto jogou por mais de dez anos, quase sempre como titular. Por lá ficou e virou funcionário do clube. Terto deixa saudade, pelo menos para mim. E para os familiares. E, claro, para os antigos são-paulinos e tricolores do Arruda, que viram encantadas tardes de domingo do velocista Terto nas relvas dos Aflitos, da Ilha, do Arruda, do Pacaembu e do Morumbi. Adeus, Tertuliano ou simplesmente Terto!