LENIVALDO ARAGÃO
O apelo de Salmo Valentim, o pernambucano que preside a
ANAF (Associação Nacional de Árbitros de Futebol), para que os filiados entrassem
de greve, diluiu-se com o vento? Sequer chegou a se encorpar ou ainda está sendo
inflada? Ou tenha sido uma reação momentânea, sem maior consistência? O Campeonato
Brasileiro deve transcorrer normalmente,
neste fim de semana, nas quatro divisões. Como sem árbitro não há futebol –
aqui me dou o luxo de parodiar antiga epígrafe da Rádio Clube – a CBF não teria
mantido sua programação sem a certeza de contar com a turma do apito.
Mas, certamente, não vai ficar no faz de conta. É possível
que o movimento ainda esteja sendo sacolejado para um lado e para o outro,
antes de eclodir.
Os comandados de Salmo Valentim estão subindo pelas paredes
por conta das acusações, ou insinuações, feitas pelo dono do Botafogo, John Textor. A cartolagem também. Leila Pereira, a presidente
do Palmeiras chamou-o de idiota, e Júlio Cesares, o comandante do São Paulo, está
pedindo a caveira do norte-americano. A corrente contrária ao gringo cresce a
toda hora na terra onde canta o sabiá. A verdade é que Textor, pelo que se
sabe, parece não gostar tanto de futebol, como de dinheiro, tendo entrado no ambiente apenas em busca do
lucro. E, como a empresa que dirige está meio bamba, a criação de desculpas, que
são tidas no ambiente futebolístico como caluniosas, pode ter sido o caminho
encontrado para se justificar.
Ele parece não ter mostrado tanta segurança ao ser
interpelado na CPI que corre no Senado, sob a presidência do senador Jorge
Cajuru (GO), ex-cronista esportivo. Muita gente ainda deve passar por lá,
incluindo o presidente da CBF, o baiano Ednaldo Rodrigues.
Muita coisa deve vir à tona para o bem ou para o mal de
Textor e do futebol. No Brasil, onde tudo é falsificado e as leis têm sempre
uma abertura para a escapadela dos poderosos, acusações como as que o
proprietário do Botafogo tem feito aos árbitros devem levar a uma busca
minuciosa e jamais ficar no faz de conta sob pena de o futebol brasileiro permanecer
sob eterna suspeita.
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