Morreu Terto, revelado pelo
Santa e consagrado no São Paulo
Walter; Reginaldo, Nilton, Norberto
e Cassimiro; Inaldo e Terto; Manoel, Ruiter, Erandir e Fernando José.
Esta uma das formações do Santa
Cruz no Campeonato Pernambucano de 1966, numa época em que o futebol da Terra
dos Altos Coqueiros era dominado pelo Náutico.
Saído do juvenil da Cobra Coral,
o meia-armador Terto, que começou a mostrar seu futebol à torcida em 1965, logo
ganhou a admiração do povão. A velocidade com que carregava a bola levou-o a
ser apelidado de Flecha Negra. Em 1968, o recifense Tertuliano Severiano dos
Santos teve seu passe comprado pelo São Paulo. Tricolores pernambucanos e
paulistas lamentam sua morte, aos 77 anos de idade, ocorrida nesta terça-feira,
9/4/2024 (nasceu em 29/12/1946), em São Paulo.
Sua história é assim contada
pelo jornalista e escritor, historiador do Tricolor do Morumbi, José Renato
Santiago, num texto intitulado “Terto, o Pelé Nordestino”:
SÃO PAULO - Tertuliano Severiano dos Santos nasceu na cidade do Recife
em 29 de dezembro de 1946. O nome “pouco usual” fez com que logo passasse a ser
conhecido como Terto.
Começou no futebol em 1965 jogando pelo Santa Cruz. Numa época em que o
futebol local era plenamente dominado pelo Náutico, que foi hexacampeão
estadual, foi considerado uma das grandes esperanças do tricolor pernambucano.
Após grandes atuações pela equipe coral em 1967, foi contratado por
outro tricolor, o paulista, no começo de 1968, aonde chegou com status de “Pelé
Nordestino”, um exagero que foi evidenciado logo nos primeiros treinos no São
Paulo. Sua estreia no tricolor foi em 11 de fevereiro de 1968, na vitória por 3
a 1 frente o XV de Piracicaba, quando entrou no lugar do, até então, titular
Ismael. Logo em sua segunda partida, fez o gol da vitória, por 1 a 0, frente o
Juventus, aos 40 minutos do segundo tempo, o que o levou à titularidade na
equipe.
A adaptação no tricolor não foi fácil, sobretudo pela vida solitária que
levava na cidade, o que contribuiu muito com sua decisão de passar a frequentar
a noite paulistana com certa frequência. Atuações irregulares fizeram com que
passasse a atuar em várias posições. Até de volante chegou a atuar.
Em um São Paulo que contava com craques do nível de Roberto Dias, Pedro
Rocha e Gerson, Terto era exatamente o contraponto, aquele jogador
“formiguinha” que corria por todos. O segredo era lançar a bola para ele correr
e trombar no meio dos zagueiros.
Virou um xodó dos dirigentes e da torcida tricolor, que revezavam em
chamá-lo entre perna de pau e genial. A imprensa costumava brincar muito com
isso. Durante esta época a rádio Jovem Pan tinha um programa de muito sucesso
chamado Show de Rádio que começava suas transmissões de futebol, destacando
“...o esporte bretão que consagrou Terto”.
Bicampeão paulista pelo São Paulo nos anos de 1970 e 1971 entrou na
história também por ser o autor do primeiro gol do clube em campeonatos
brasileiros, no dia 14 de agosto de 1971, na derrota por 3 a 1 frente o Santos.
Naquele ano seria vice-campeão daquela competição. Jogando pelo tricolor,
ainda foi campeão paulista em 1975.
Ao longo de 10 anos vestindo a camisa do São Paulo, marcou 86 gols em
499 jogos. No final do estadual de 1977 foi contratado por outro tricolor, o da
cidade de Ribeirão Preto, o Botafogo, onde atuou com o genial Sócrates.
Seguindo a sua carreira, sempre tricolor, em 1979 foi contratado pelo
Ferroviário do Ceará, onde foi campeão cearense daquele ano, sua última
conquista como jogador. No ano seguinte, em 1980, ainda atuaria no “Tricolor de
Aço”, o Fortaleza, sendo vice-campeão estadual.
Terto foi um sobrevivente do futebol. Um dos muitos exemplos de
jogadores que surgiram no Nordeste, onde ganharam a fama de craque, e ainda que
não o fossem, fizeram sucesso atuando por grandes equipes do futebol
brasileiro.
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