Ademir da Guia e Geraldo, dois craques do Verdão, na época (Facebook) |
Na noite de 31 de março de
1964, portanto, há 60 anos, quando eram cada vez mais intensos os murmúrios sobre
a derrubada do presidente João Goulart, num movimento militar apoiado por civis
influentes, o Náutico recebia o Palmeiras para um amistoso nos Aflitos.
No Recife havia calmaria. O
alviverde paulista era uma atração especial para o torcedor da Terra dos Altos
Coqueiros, pois tinha no seu time os pernambucanos Zequinha e Gildo, saídos do
Santa Cruz; Geraldo, no Sudeste conhecido como Geraldo II e depois, como
Geraldo José, ex-Náutico; e Vavá, centroavante bicampeão do mundo (América,
Íbis e Sport, como amador).
O amistoso fazia parte de uma
negociação entre os dois clubes, numa das habituais vendas e permutas de
jogadores.
O Náutico era dirigido por um
ex-jogador do Palmeiras, o argentino Alfredo Gonzalez, e o alviverde paulista
tinha como técnico Sílvio Pirilo, campeão pernambucano pelo Timbu em 1954.
O time dos Aflitos era o campeão
estadual, lutava para ser Bi e acabara de participar de dois torneios. O
primeiro foi no Centenário de Campina Grande (PB), juntamente com Confiança
(SE), Olaria (RJ) e Fortaleza (CE), e o segundo no Recife, quando enfrentou
Bahia e Fortaleza.
SÓ DEU O VERDÃO
No amistoso contra o Palmeiras,
nos Aflitos, o Náutico levou um verdadeiro vareio de bola, tendo sido goleado
por 4 x 0. Público pagante, 8.443, com renda de 4 milhões, 672 mil e 200
cruzeiros. A arbitragem foi do paulista José Astolfi. Ademir da Guia, Gildo,
Vavá e Tupãzinho marcaram os gols.
O bicampeão do mundo,Vavá (Reprodução) |
NÁUTICO: Lula Monstrinho; Gernan
(Paulinho), Zequinha, Clóvis e Toinho; Salomão e Rinaldo; Nado, Bita, Nino e
Lala.
PALMEIRAS: Valdir; Djalma
Santos (Nelson), Djalma Dias, Tarciso e Geraldo Scotto; Zequinha e Ademir da
Guia; Gildo (Servílio), Geraldo II (Vavá), Rubens Sales e Tupãzinho. Técnico:
Sílvio Pirilo.
No mesmo ano, Nelson e Geraldo
II vieram reforçar o Náutico, tendo ajudado o Timbu a se sagrar bicampeão. Era
a caminhada para o hexacampeonato. Posteriormente, ambos vestiram a camisa do
Sport.
Geraldo surgiu no Ferroviário,
tendo sido adquirido pelo Náutico. Foi um dos integrantes da Seleção Cacareco –
a Seleção Pernambucana que representou o Brasil num Campeonato Sul-Americano
Extraordinário em dezembro de 1959, no Equador – e tempos depois teve seu passe
vendido ao Palmeiras. Defendeu também o Corinthians.
BICAMPEÃO
O recifense Geraldo José da
Silva participou do Campeonato Paulista de 1963 pelo Palmeiras, e como no Rio
de Janeiro, o certame daquele ano tinha um bom tempo ainda a ser percorrido, o
atacante foi emprestado ao Flamengo, tendo se sagrado campeão carioca pelo
clube da Gávea. Em seguida o craque foi cedido ao Náutico, pelo qual se se
tornou bicampeão pernambucano em 1964. Assim, foi bicampeão interestadual:
carioca (1963) e pernambucano (1964).
CONFUSÃO
Voltando ao jogo, a delegação
do Palmeiras teve problemas para regressar a São Paulo na manhã seguinte. Com o
Aeroporto dos Guararapes tomado pelos militares havia uma confusão muito grande
no que se relaciona a chegadas e saídas de aviões. Depois de algum tempo de
espera os palmeirenses conseguiram embarcar por volta das 11 horas. Mas tiveram
que rebolar muito para colocar as coisas nos devidos lugares.
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