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O mistério do numeral 4
CLAUDEMIR GOMES
(18-03-2024)
Bola pra frente! A
expressão, bastante usual no futebol, serve para traduzir muitas coisas,
explicar situações, ou mesmo, dizer nada com nada. Na verdade, ela serve mesmo
é para por um ponto final numa prosa, num assunto qualquer. Pois bem!
Ontem, quando ficou
definido o confronto – Sport x Náutico – que marcará a decisão do título do
Pernambucano 2024, os alvirrubros entusiasmados gritaram: “Nos anos que
terminam em 4, o Náutico é sempre campeão”.
– Há controvérsia!
Contestaram os
rubro-negros.
Entretanto, contra
fatos não existem argumentos. Em cem anos de disputas, com exatas dez edições do
Estadual realizadas em anos terminados com o numeral quatro, o Náutico
contabilizou seis conquistas contra três
do Sport e uma do América.
Vejamos o retrospecto:
A primeira edição do
Campeonato Pernambucano de Futebol foi disputada em 1915. Dez anos depois
acontecia a primeira disputa de título num ano terminado em 4, ou seja, em
1924. O campeão foi o Sport, tendo como vice, o América.
Um fato novo viria
mudar o rumo da história do Pernambucano em 1934: o Clube Náutico Capibaribe
conquistava o seu primeiro título estadual. Mais que um título, o feito era o
marco do surgimento de uma nova força do nosso futebol, que seria consolidada
pelo bom momento vivenciado na década de 50. Mas antes, em 1944, o América pôs
água no chope dos alvirrubros e conquistou o seu sexto título estadual. O último
da história do alviverde da Estrada do Arraial.
Na década de 50, o
Clube dos Aflitos conquistou quatro títulos, inclusive o de 1954. A saga do
crescimento dos alvirrubros continuou nos anos 60, década do emblemático hexa. No
pacote das conquistas, o icônico 1964. E a história se repetiu em 1974 e 1984.
O Sport, que já era o
maior colecionador de títulos estaduais, foi o campeão de 1994, elevando sua
marca para vinte e oito taças do Pernambucano.
A chegada do Século XXI marca o início de um
novo tempo. Novos conceitos, novas filosofias, novos hábitos, abertura de
mercados, quebra de barreiras, e o mundo do futebol ficou linear. O esporte
mais popular da terra se transformou num dos maiores, e mais lucrativos
negócios do planeta. Na mudança de valores, o que há cem anos para os clubes
pernambucanos era a joia da princesa, passou a ser a competição de menor
visibilidade, sendo alimentada apenas pela rivalidade histórica existente entre
as tribos Náutico, Sport e Santa Cruz.
No novo século tivemos
duas decisões em anos terminados em 4. O Náutico foi campeão em 2004, numa
decisão com o Santa Cruz. O Sport levantou a taça em 2014, título que foi
decidido com o rival alvirrubro. O Leão da Ilha do Retiro segue reinando com a
chegada do novo tempo. Até o momento foram disputadas 23 edições do Campeonato
Pernambucano do Século XXI, com o registro de 10 conquistas do Sport, 6 do
Náutico, 6 do Santa Cruz e uma do Salgueiro.
O Sport corre atrás do
seu 44º título e o Náutico busca a sua 24ª conquista estadual. Bola pra frente!
EM TEMPO: Na decisão do
Pernambucano 24, o Náutico terá o desfalque do grande zagueiro Dimas, que nos
deixou neste domingo. Também não teremos a narração espetacular de Vicente
Lemos, que partiu para a eternidade nesta segunda-feira. Lembrando que o campeão
não terá a graça do humor satírico do espetacular Bione.
Na vida a gente ganha e
perde. Lei imutável.
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