Reprodução Folha PE |
Uma interessante sacada do
Santa Cruz, esta de valorizar a literatura de cordel, fazendo-a aparecer nas
sua camisa, através das criações em xilogravura do artista popular J. Borges. O antigo folheto, vendido nas feiras do Nordeste, ainda hoje traz dramas
e alegrias do povo, contados em versos simples e narrados em ritmo de cantoria
nas feiras. Nos dias atuais, com menor assiduidade.
Histórias, como as de Lampião,
Cancão de Fogo, A Bela Adormecida etc., e fatos relacionados à seca e às
grandes enchentes eram bem aproveitados. Viravam poesia popular, logo consumida pela população.
Eu trago uma lembrança dessa
época. Na minha perna direita há a marca da mordida de uma macaca em plena feira
de minha cidade, Santa Cruz do Capibaribe. Estava num grupo de ouvintes atentos
à narrativa que era feita por um dos antigos menestréis do cordel. Subitamente,
fui empurrado por uma assistente, entusiasmada com uma cena que acabara de
ouvir. Não pude evitar a pisadela na cauda de uma macaca. Esta, com seus saltos,
em meio à roda que se formara, ajudava o vendedor a oferecer seu produto. A
reação do animal foi imediata: um pulo para trás e uma mordida.
O Santa Cruz, na fase do
pentacampeonato (1969 /1973), teve vários momentos de sua jornada transformados
em obra da literatura de cordel. O vendedor e criador de folhetos José Soares, autodenominado
poeta repórter, cordelista, editor e folhetista não perdia tempo. Paraibano de
Alagoa Grande, nascido em 1914, ano da fundação do Santa, terminou se
apaixonando pela Cobra Coral ao vir morar no Recife..
José Soares, o poeta repórter |
Entre as suas variadas criações na área futebolística está “Pedi um Pente, me deram um Penta”. Em tiradas as mais engraçadas, ele reviveu do começo ao fim, a espetacular campanha do Tricolor. Estaria contente, com a valorização do cordel pelo Santinha, se vivo fosse.
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