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Conta o jornalista e historiador Victor Kingma, de Minas Gerais, sobre ZICO, que acaba de completar 70 anos de idade:
Logo que chegaram ao vestiário, Modesto Bria, o técnico do infanto-juvenil,
perguntou:
– Cadê o craque, do qual você tanto me falou?
Assim que Celso Garcia apontou para ele, o treinador, decepcionado, não queria
deixá-lo treinar. Chegou a dizer que estava montando um time de futebol e não
fundando um berçário. O radialista, então, argumentou:
– Olhe, Bria, vamos combinar um negócio: ele não veio aqui para lutar boxe,
veio para jogar futebol e isto ele tem de sobra. Deixe-o trocar de roupa e no
finalzinho do treino você o coloca um pouco, para suar e tomar banho.
Bria, a contragosto, concordou. Tímido e assustado, o garoto se dirigiu ao
canto do vestiário onde estavam os outros meninos, bem maiores do que ele, se
preparando para o treino. Então tirou a surrada bermuda. O calção vermelho e
desbotado já estava por baixo. Calçou a velha chuteira e ficou esperando.
Com 30 minutos de treinamento, foi chamado. Na primeira bola que recebeu,
esperou que o zagueirão encostasse e meteu a bola entre suas pernas. Na
segunda, botou o ponta direita na cara do gol. Daí, e até o final do treino,
foi uma sucessão de dribles, gols e jogadas desconcertantes.
Da arquibancada, um torcedor, como se estivesse prevendo o futuro de tantos
defensores exclamava eufórico: – o russinho está acabando com a defesa deles.
Começava assim, naquela tarde de 1967, a carreira de Zico, o menino do subúrbio
que se tornaria o melhor jogador e o maior ídolo da história do Flamengo.
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