Campeão de permanência à frente dos três grandes de Pernambuco
Lenivaldo Aragão
Uma das figuras mais emblemáticas do futebol pernambucano, entre os anos 30 e 70 do século passado, foi José Mariano Carneiro Pessoa, conhecido por Palmeira. Comprido e magro, ganhou o apelido quando era zagueiro do Club Sportivo da Encruzilhada, um time do Campeonato Suburbano, equivalente à Segunda Divisão, tendo participado da Primeira Divisão, de 1929 a 1935.
Palmeira foi também juvenil no Sport e
no Santa Cruz. Logo cedo desistiu de ser jogador, dedicando-se à arbitragem.
Depois virou técnico, muitas vezes acumulando os papéis hoje desempenhados pelo
supervisor, gerente, chefe de delegação, empresário e preparador físico.
Como treinador tornou-se recordista de
permanência nos clubes em Pernambuco. Na primeira vez em que esteve no Santa
Cruz reinou três anos e sete meses, ininterruptamente. No Náutico foram quatro
anos e 10 meses, e no Sport quatro anos e alguns dias.
Seus títulos de campeão pernambucano: Santa
Cruz, 1946/1947
Náutico, 1950/1951/1952-este último invicto, e
participação em 1954, juntamente com Ivanildo Souto da Cunha e Sílvio Pirilo.
Sport, 1961/1962.
Em 1965 foi campeão baiano com o Vitória, num
ano em que o futebol da Boa Terra viveu uma das maiores crises de sua história.
Uma agressão ao narrador Cleo Meireles, dos Diários e Emissoras Associadas, dentro
de um ônibus, cometida por três capangas do presidente do Vitória e deputado
federal Ney Ferreira, fez o mundo desabar. A mídia esportiva passou a boicotar
o campeonato estadual, deixando praticamente de cobri-lo, principalmente quando
se tratava do Vitória, cujo nome foi eliminado dos noticiários. No meio desse
turbilhão estava Palmeira, que conseguiu levar o Leão da Barra, campeão de
1964, ao bicampeonato. Palmeira comandou ainda o América-RJ e o América-PE, e Seleção
Pernambucana no Campeonato Brasileiro de Seleções.
O treinador recordista de Pernambuco participou
de muitos momentos históricos do futebol pernambucano. Vejamos alguns:
1 Entre dezembro de 1941 e janeiro de
1942 acompanhou o Sport, como árbitro convidado, o que era uma praxe, na época,
na célebre excursão do Leão ao Centro-Sul.
2 Em 1942 foi assessor da chefia da
delegação e, na prática, o treinador, integrando a trágica Embaixada Suicida, na
viagem marítima do Santa Cruz ao Norte do Brasil, em plena época da Segunda Grande
Guerra. Programada para um mês, a excursão dos tricolores terminou levando
quatro meses, devido às dificuldades para retornar. Dois jogadores morreram na triste
‘peregrinação’.
3 Palmeira comandava a equipe de
Pernambuco em janeiro de 1957, quando após ter sido goleado pelo Rio Grande do
Sul por 5 x 1, em Porto Alegre, o time azul e branco superou os gaúchos por 2 x
1, lá mesmo na capital dos Pampas, eliminando-os do Campeonato Brasileiro de
Seleções.
4 Era ele o técnico do Náutico, em 1953,
quando da ida dos alvirrubros à Europa. Pela primeira vez, de uma equipe do
Norte-Nordeste do Brasil cruzou o Oceano Atlântico rumo ao Velho Mundo.
5 Em 1963, o Sport, bicampeão
pernambucano (1961/1962), dirigido por Palmeira, representou o Brasil no
Torneio de Nova York, competição que se realizava anualmente, visando a
despertar o interesse dos norte-americanos pelo futebol.
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