Um padre e um jovem ousado dão as cartas
Interessadíssimo nos assuntos históricos, culturais e ambientais da nossa cidade, Santa Cruz do Capibaribe, o professor Arnaldo Vitorino acaba de reproduzir no facebook a ata de fundação do Ypiranga, o clube que representa a Terra da Sulanca e das Gameleiras em competições dentro e fora de Pernambuco –, atualmente participa do Pernambucano da Série A 2.
Poucos sabem que o primeiro
presidente do alvi-azulino do Agreste Setentrional foi o jovem vigário José
Pereira de Assunção, o célebre Padre Zuzinha. Como diretor de futebol
escolheu-se Otávio Limeira Alves, um entusiasta dos esportes, que fez parte da
primeira formação do time, ao lado de um irmão, Mário.
Otávio, carinhosamente tratado
como Tatá pelos familiares, teve a trajetória de futebolista amador interrompida
por uma paralisia que o prostou numa cama durante anos até seus dias finais.
Mesmo assim, ele que havia feito a doação do terreno para o novo clube (1938)
realizar seus treinos e jogos, continuou incentivando a prática do futebol na
sua terra. Do cômodo em que vivia, ligado à residência da família, saíam
enfileirados rumo ao campo, nas tardes de domingo, dois times de meninos – o Verde
e o Encarnado – para se enfrentarem.
Na Copa do Mundo de 1950 seu
apartamento “botou gente pelo ladrão”. Lá havia um dos pouquíssimos rádios existentes
na então vila pertencente ao município de Taquaritinga do Norte. Até uma
girândola foi colocada na frente da casa para comemorar o título de campeão do mundo
que não veio. Apesar do fracasso, os fogos foram explodidos e muita gente saiu
à rua para festejar, achando que o Brasil havia derrotado o Uruguai, quando, na
realidade, ocorrera o contrário.
ATA DE FUNDAÇÃO
O nome de Estádio Otávio Limeira
Alves foi dado ao campo do Ypiranga, de maneira improvisada, por mim e por um
primo, Fernando, conhecido como Fernando de Ivo Paca. Nós não jogávamos, pois
ainda éramos pixotes; Todavia, sempre estávamos quebrando alguns pequenos
galhos. Certa vez, em 1955, num amistoso contra uma equipe suburbana de Caruaru
houve um tremendo sururu, com muitos atletas se engalfinhando. Eu e Fernando
achávamos que, como na Capital do Agreste havia três semanários –. A Defesa,
Vanguarda e Jornal do Agreste – os “indesejáveis visitantes” iriam publicar
alguma notícia com acusações à turma do Ypiranga. Era necessário que nos antecipássemos,
mandando nossa versão. O texto saiu n’A Defesa. Na hora em que redigíamos a informação,
achei que seria um tanto depreciativo mencionar o “campo do Ypiranga”, quando
nas outras cidades se usava o termo estádio. “Por que não botamos Estádio Otávio
Limeira Alves em homenagem a quem doou o terreno e tanto ajudou o clube e que
já nos deixou?” – sugeri a Fernando, que imediatamente concordou. E assim foi
feito e assim ficou.
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