O conto do pintor no Guarani
Com o advento do estádio Romeirão, na década de 70, verificou-se outro tipo de romaria a Juazeiro do Norte – a de jogadores de futebol de várias partes do país.
Certo dia chegou à sede do
Guarani um negro alto, esguio e com a sacola na mão. “Meu nome é Bolinha. Sou
atacante e Hélio Pinto (famoso empresário esportivo cearense radicado em
Pernambuco, já falecido) me mandou”. Alegou estar se curando de contusão,
demorou a treinar e tomou conta do noticiário esportivo.
Criou tanta expectativa que,
no dia do primeiro treino, o velho estádio da LDJ (Liga Desportiva Juazeirense)
recebeu público de jogo oficial. Grande decepção. Bolinha quebrou a bola.
Parecia jogar de chuteiras trocadas.
Cabisbaixo, foi inquirido por
um dirigente do Guarani. “Seu futebol é só esse?” Ele respondeu: “Chefe, não
sou jogador de futebol. Eu sou mesmo é pintor de geladeira.”
O Guarani tomou o prejuízo.
Bolinha passou algum tempo na terra do Padre Cícero, mas escalado na sua
verdadeira posição de pintor.
A história acima está inserida
no livro “Wilton Bezerra crônicas e causos”, do veterano cronista esportivo cearense
que dá nome à obra, cuja segunda edição acaba de ser publicada.
Antes de se mudar para Fortaleza,
Wilton viveu entre Crato e Juazeiro do Norte, onde recolheu muitos fatos
pitorescos, esportivos ou não, e conviveu com uma porção de personagens que
levou para as páginas. Na capital, não parou de cascavilhar em busca de
curiosidades. Além das atividades no rádio ou na tevê, mantém uma coluna no
Diário do Nordeste.
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