CNC: UMA TRAJETÓRIA DE 121 ANOS (III)

 Desbravando o Norte do Brasil e indo até o exterior


Em pé, Palmeira (técnico), Fausto, Jaminho, Ivanildo, Azulão, Schiller, Genaro, Lula, Dico, Bororó e Djalma; agachados, Hélio Pinto (jornalista), massagista não identificado, Alcidésio, Gilberto, Vicente, Fernandinho, Zeca e Sidinho

 O Náutico foi o primeiro time de Pernambuco a jogar no Zerão, o que aconteceu em maio de 1950. O curioso Estádio Milton Corrêa, em Macapá, capital do Amapá, na época território federal, tem sua  divisória localizada justamente onde passa a linha imaginária do Equador, que divide a terra em duas partes. Assim, enquanto uma equipe se posiciona no Hemisfério Norte, a outra se coloca no Hemisfério Sul.

            Os alvirrubros tinham jogado num domingo em Manaus, alguns caíram na farra, e na segunda-feira cedo embarcaram num vagaroso DC-3, levando quase cinco horas para chegar à capital amapaense. A delegação saiu do avião diretamente para um restaurante. Depois do almoço, um rápido descanso, seguindo todos para o estádio.

            A equipe pernambucana chegou ao Amapá precedida de grande cartaz., face à bela campanha que realizava na Amazônia, ganhando, em matéria de prestígio para o Flamengo e a Portuguesa de Desportos, que também cruzavam a Região. No primeiro jogo, no feriado de 1º de Maio, o adversário do Náutico foi o Amapá Clube, na realidade, a Seleção Amapaense. Na  segunda exibição, no dia seguinte, 2 de maio, o Timbu deu de cara com um combinado da capital do território, camuflado de Macapá, um dos times da cidade.

            No primeiro jogo, o Náutico venceu por 1 x 0, com Vicente; Sidinho e Lula; Dico, Gilberto e Jaminho; Carmelo (João Magro), Ivanildo, Amorim, Alcidésio (Schiller) e Zeca. Na segunda partida, em que a equipe pernambucana também levou a melhor, por 4 x 1, o zagueiro Lula foi deslocado para a esquerda, substituindo Jaminho, e Erasmo entrava na zaga. No ataque, João Magro atuava na ponta direita, ficando Carmelo de fora.

            Na vitória de 1 x 0 o gol foi de Amorim, e na de 4 x 1 marcaram Amorim (2), Zeca e Ivanildo.

            Depois de se exibir no Amapá, os alvirrubros seguiram para Paramaribo, capital da Guiana Holandesa, hoje República do Suriname. Na viagem à ex-colônia holandesa outro pioneirismo do Náutico, que se constituía na primeira equipe pernambucana a jogar ali.

Os resultados dos alvirrubros na sua excursão foram estes:

BELÉM

09/04/1950 Náutico 3 x 1 Tuna Luso

11/04/1950 Náutico 1 x 1 Paysandu

16/04/1950 Náutico 6 x 2 Remo

MANAUS

21/04/1950 Náutico 3 x 2 América-AM

23/04/1950 Náutico 9 x 4 Fast Clube 27/04/1950 Náutico 3 x 2 Nacional  ]30/04/1950 Náutico 4 x 2 Nacional

MACAPÁ

01/05/1950 Náutico 1 x 0 Seleção do Amapá

02/05/1950 Náutico 4 x 1 Seleção do Amapá

PARAMARIBO

07/05/1950 Náutico 4 x 2 Seleção do Suriname

09/05/1950 Náutico 2 x 2 Seleção do Suriname

11/05/1950 Náutico 10 x 0 Seleção de Moengo

12/05/1950 Náutico 6 x 4 Militaire Club

14/05/1950 Náutico 4 x 1 Seleção do Suriname

SÃO LUÍS

18/05/1950 Náutico 4 x 1 Sampaio Corrêa

21/05/1950 Náutico 0 x 2 Moto Clube

23/05/1950 Náutico 3 x 2 Maranhão

Total: 17 jogos, 14 vitórias, 2 empates e 1 derrota; 67 gols pró e 29 contra

Goleadores: Ivanildo, 23; Amorim, 18; Zeca, 11; Gilberto, 4; Schiller e Alcidésio, 3; Dico e Carmelo, 2; Bororó, 1.

REMINISCENTE

Da primeira visita do Náutico à antiga Guiana Holandesa, ainda há um dos jogadores vivo. Trata-se do então meia Paulistinha, que estava saindo do juvenil para integrar o elenco principal. Hoje, com 90 anos, ele ainda é capaz de relembrar alguns fatos da excursão, puxando pela memória, é verdade. Pertence a uma tradicional família da cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Entre os familiares de Paulistinha, há aquele que foi considerado o melhor jogador de futsal de sua geração em Pernambuco. Trata-se de  João de Deus, maior destaque da equipe que foi eneacampeã pernambucana pelo Náutico, e campeã da Taça Brasil, torneio equivalente ao Campeonato Brasileiro.

O então garoto Paulistinha viajou como reserva, tendo sido aproveitado pelo técnico Palmeira no transcorrer de algumas partidas, como na de 31 de março, derrota de 3 x 2 para o Suriname, na qual o Náutico alinhou Vicente; Caiçara e Lula; Dico, Gilberto e  Genaro; Carmelo (Fernandinho), Teixeirinha (Paulistinha), Djalma, Alcidésio e Zeca.

 NOVA EXCURSÃO

Em 1951, os alvirrubros, já como campeões pernambucanos, voltavam a excursionar ao Norte, jogando apenas em Belém e Paramaribo, tendo aproveitado a volta para se exibir em Fortaleza e Natal. O sucesso não foi o mesmo, pois o Timbu perdeu mais do que ganhou. Foram 16 jogos, com 5 vitórias, 5 empates e 6 derrotas.

            Em Belém, por exemplo, os comandados de Palmeira decepcionaram, uma vez que disputaram cinco jogos e não vencerem um, sequer. E o time permanecia praticamente o mesmo, a julgar pela estreia, com derrota por 3 x 0 para a Tuna Luso: Vicente; Sidinho e Lula; Dico, Gilberto e Jaminho; Ivanildo, Alcidésio, Fernandinho, Djalma e Zeca. O retrospecto da nova excursão foi este:

BELÉM

07/03/1951 Náutico 0 x 3 Tuna Luso

11/03/1951 Náutico 1 x 2 Paysandu

14/03/1951 Náutico 2 x 3 Combinado Paraense

18/03/1951 Náutico 0 x 0 Remo

22/03/1951 Náutico 1 x 1 Remo

PARAMARIBO

25/03/1951 Náutico 2 x 2 Robin Hood

28/03/1951 Náutico 3 x 0 Voorwants

31/03/1951 Náutico 2 x 3 Seleção do Suriname

01/04/1951 Náutico 5 x 3 Seleção do Suriname

05/04/1951 Náutico 5 x 1 Seleção do Suriname

09/04/1951 Náutico 1 x 2 Robin Hood

FORTALEZA

12/04/1951 Náutico 4 x 1 Ceará

14/04/1951 Náutico 0 x 0 Ferroviário 15/04/1951 Náutico 1 x 2 Ceará

NATAL

20/04/1951 Náutico 1 x 1 América

22/04/1951 Náutico 2 x 4 ABC.

 

 

 

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