A rebeldia das ligas e a mala preta de Rubão
Não foi à toa que
quando disputou a presidência da Federação Pernambucana de Futebol contra
Sebastião Rufino e Gil Teobaldo, Fred Oliveira, orientado pelo irmão Carlos
Alberto, político experiente, ‘trancafiou’ os presidentes de ligas e clubes da
Terceira Divisão, seus eleitores, num hotel, em Aldeia. Lá, todos desfrutaram
do bom e do melhor e só saíram na hora de seguir para a Federação a fim de
garantir a eleição do seu líder. Não fossem tão importantes no contexto, não
teriam sido confinados. Na verdade, ninguém era obrigado a ficar no recolhimento,
mas quem resistiria a tamanha mordomia? Pelo sim, pelo não, Fred queria evitar
algum assédio ‘inimigo’.
Rubem Moreira,
que passou 27 anos ininterruptos exercendo a presidência da FPF não deixava
faltar nada às ligas. Ou quase nada. Certa vez, nos anos 60, uns oito
presidentes de entidades interioranas, liderados por Ricardo Oliveira, de
Caruaru, necessitados de dinheiro para organizar seus campeonatos, encontraram
uma fórmula de tirar alguma grana de Rubão, depois de uma tentativa frustrada.
Aproximavam-se as eleições na Federação, com ele mais uma vez pintando como candidato
único.
Foi criado um grupo de dissidentes, que marcou uma reunião para
Caruaru. A finalidade – e eles fizeram questão de espalhar a notícia – era lançar o nome do presidente do Náutico, Wilson
Campos, como candidato de oposição, à presidência da FPF. Ao tomar conhecimento
desse movimento, Rubem Moreira tratou de dar logo um xeque mate na trama, cortar
o mal pela raiz e botar ordem na casa.
Pegou um táxi aéreo rumo ao Aeroporto do Cajá, hoje Aeroporto Oscar
Laranjeira, na Capital do Agreste, apareceu de surpresa no local da reunião e
foi festivamente recebido pela cartolagem interiorana. Provocou a risadagem
geral, com seu habitual repertório de palavrões. Antes de saírem todos para um
almoço num restaurante da cidade, à base da tradicional carne de sol acompanhada
de feijão de corda, com direito a umas boas talagadas de água que passarinho
não bebe, o cartola-mor fez a descontração atingir o auge ao abrir uma mala
preta, estufada de dinheiro vivo, novinho em folha. Foi logo abrindo o jogo:
– O que vocês querem é
dinheiro, não é, seus filhos da p...?
Imediatamente começou a
retirar as cédulas da valise, passando a aquinhoar as ligas, de acordo com o
peso de cada uma, conforme os critérios que ele mesmo estabelecia. Com isso,
matou no nascedouro a ideia da candidatura de Wilson Campos, que na realidade
nunca existiu. Foi apenas a fórmula encontrada pelo pessoal das ligas para
pressionar o todo poderoso Rubão.
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