Ednaldo, de interino a presidente efetivo da CBF (Foto: reprodução Terra)
Candidato único na eleição desta quarta-feira (23), Ednaldo
Rodrigues assumirá a presidência da CBF por um período de quatro anos. O baiano
de 68 anos assume uma entidade em crise – segundo ele próprio, a imagem que a
CBF projeta no mundo hoje é “até repugnante”.
Seu antecessor, Rogério Caboclo, foi
afastado por denúncias de assédio sexual e moral contra funcionários. Antes
dele, Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira foram banidos da
Fifa por denúncias de corrupção.
Contador de formação e ex-presidente da
Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo enfrentou nas últimas semanas a oposição
de Gustavo Feijó, um dos vice-presidentes da CBF, que cogitou tentar a
presidência, mas não apresentou candidatura.
Em entrevista concedida ao DIÁRIO DE S.
PAULO, Ednaldo Rodrigues prometeu fazer a Seleção jogar mais vezes no Brasil e,
pela primeira vez na história, contratar mulheres para a diretoria.
P-A cadeira de presidente da CBF ejetou
vários ocupantes recentes. Quando o senhor assumiu interinamente, em agosto, do
ano passado, disse que não queria sentar na cadeira. Como vai ser agora?
ER-Realmente eu não sentei na cadeira
em decorrência de estar interino e saber dar um passo de cada vez. Pessoas
poderiam entender que era prepotência, arrogância, desejo. Não foi nada disso.
O que nós desejamos é ter um futebol brasileiro forte, que seja respeitado não
só dentro de campo, mas principalmente fora de campo, com atitudes. Que a
sociedade possa, não só brasileira, mas do mundo inteiro ver o Brasil de outra
forma. No momento vê de uma forma triste, até repugnante.
P-Quando terminar a eleição, qual vai
ser sua primeira atitude?
ER-Unificar a CBF. Temos que respeitar
o contraditório, os clubes, as federações. E ter um pacto de combate à
violência nos estádios. Queremos que a Fifa esteja presente nessa discussão,
queremos a conscientização das organizadas. Não queremos que seja uma coisa
passageira.
P-Rogério Caboclo, no discurso de
posse, disse que acabaria com os jogos de clubes nas datas Fifa, quando as
seleções se reúnem, e não conseguiu cumprir. O senhor tem planos de mexer no
calendário?
ER-Eu não faço nenhuma promessa que não
possa cumprir. Nós fazemos os conselhos técnicos e os clubes decidem o que é
melhor para eles. Também queremos ouvir pessoas que não estão nos clubes, não
estão dentro da CBF, e que também têm expertise sobre assuntos de calendário.
Essa discussão tem que existir, na CBF e fora da CBF.
P-A Seleção Brasileira está distante do
torcedor?
ER– Existe realmente um afastamento
muito grande da Seleção Brasileira para com o torcedor. Isso em grande parte
por conta dos jogos (amistosos) no exterior. Tem um contrato que vence agora em
2022. Queremos a Seleção mais perto do torcedor, também dos patrocinadores e da
imprensa.
P-Sua chapa não tem nenhuma
vice-presidente mulher. E a CBF não tem nenhuma diretora mulher. O que pretende
fazer sobre isso?
ER-Nós vamos ter também mulheres em
nossa diretoria.
P-O que pretende fazer com a
arbitragem?
ER-A arbitragem é complexa. Nós
pretendemos fazer reformas que possam dar resposta ao torcedor, dar resposta
aos clubes, às federações, a vocês da imprensa. Houve muita resistência quando
nós quisemos divulgar os diálogos do VAR. É impossível zerar os erros de
arbitragem, mas o torcedor precisa saber por que os erros aconteceram
P-Quem vai comandar a arbitragem?
ER-Não temos o nome ainda.
P-Tite já falou que vai embora depois
da Copa. Pretende convencê-lo a ficar?
ER-Olha, no momento, o que queremos é
atender bem a todas as demandas da Seleção Brasileira. Nós confiamos plenamente
na comissão técnica. que é muito bem dirigida pelo Tite. Só vamos falar de
outras situações após o Mundial.
P-Na sua gestão a seleção pode ter um
técnico estrangeiro?
ER-Para não tirar o foco da conquistar
do hexacampeonato, gostaria de falar só após o Mundial (risos). Agora só quero
dar tranquilidade ao Tite, sua comissão técnica e os atletas.
P-O que acha de uma liga organizar o
Campeonato Brasileiro?
ER-Na reunião do conselho técnico da
Série A, eu, de forma voluntária, coloquei essa situação porque muito se
discute há muito tempo sobre a liga. A liga está prevista no estatuto da Fifa,
está prevista no estatuto da Conmebol, está prevista no estatuto da CBF. Eu não
vejo nenhum problema que possa ter uma liga e, pelo contrário, nós estamos aqui
para ser parceiros da liga. E que essa liga também possa não só trazer recursos
para clubes da Série A, possa irrigar com recursos todo o ecossistema do
futebol.
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