Gramática agredida no bingo e o sumiço do galã
Houve um tempo em que os bingos resolviam os problemas financeiros dos clubes. Na minha casa guardo com carinho um jogo de louças inglesas ganho por minha mãe num bingo do Internacional. O chamariz, no entanto, era o automóvel. Pessoas compravam vários cartões, e havia um nervosismo tremendo na hora do “bingo mosca”, quando todo o cartão tinha que ser preenchido, e uma comissão do clube conferia tudo. Quem gritava as bolas sorteadas eram pessoas da sociedade, diretores ilustres etc. Também tinha os galãs, por quem as mocinhas deliravam, e geralmente eram chamados para o automóvel.
Nas festas do Náutico havia um
que se destacava pelos ternos que usava e pela beleza física mesmo. Foi
aplaudidíssimo quando o convidaram para chamar as pedras. Rolava o globo e caía
a bola: B 5, I 28, N 45, G 58, O 65. E a cada pedra chamada o nervosismo
aumentava, com o preenchimento ou não do cartão. E seguia a chamada até o
stress final. Poucas pessoas dependendo de uma pedra para ganhar o carro.
Tumulto, gritaria, pessoas pedindo os números etc. É quando ele faz uma chamada
com suspense. “Letra G!.” A barulheira dificultava a audição. O povo gritava G
ou B? Ele silenciava. Possibilidade de infarto em idosos. Voltava a gritar G e
o povo continuava na dúvida: G ou B? É quando ele finalmente decide: letra G
(pequena pausa) G de jangada, 62. O sortudo ganhou o carro e ele o apelido: “G
de Jangada”. O Náutico perdeu seu galã, pois ele sumiu das festas.
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