Por José Neves Cabral-Jornalista
Após
conversar com técnico e jogadores, lá ia eu em busca de João Caixero para fazer
o balanço do prejuízo. Das conversas surgiu uma amizade e depois o convite para
participar do livro Santa Cruz de Corpo e Alma, ao lado de alguns jornalistas
do primeiro time da nossa crônica esportiva, como Lenivaldo Aragão e Claudemir
Gomes, além do chargista Humberto Araújo e do diagramador Deudedith. Foram
quase 20 anos de pesquisas e entrevistas até a finalização da obra em 2015. Um
período muito rico pra mim, pontuado por reuniões e algumas brigas com João
Caixero.
Nós
queríamos reduzir as entrevistas e criar um padrão para facilitar a
diagramação. Ele não aceitava. Mas sempre terminava tudo em paz com um almoço
após as longas discussões.
Joca,
como era conhecido, chegou ao Arruda muito jovem, saindo da adolescência, pelas
mãos de Aristófanes de Andrade. E exerceu quase todas as funções de diretoria
no clube. E dedicou-se à Comissão Patrimonial por entender a importância desse
órgão na manutenção do Estádio José do Rego Maciel.
Há cerca
de dois meses, nos recebeu em sua casa, em Olinda. Estava ao lado de Humberto e
Claudemir. Como sempre, expressou sua preocupação com os destinos do clube. A
mudança no Estatuto que unificou as presidências Executiva e da Comissão
Patrimonial. Ele sempre defendeu a separação desses dois poderes por entender
que o caixa da CP era intocável e deveria ser usado exclusivamente para a
manutenção do Estádio, que ele tão bem procurou zelar durante mais de meio século,
além de ainda ter a iniciativa de construir outros centros de treinamento, como
o da Estrada da Mumbeca.
Com a
morte de João Caixeiro, o Arruda fica órfão de um protetor, de alguém que cuide
com amor para que o estádio permaneça de pé. Certa vez, numa conversa com o
ex-presidente Edelson Barbosa, ouvi a seguinte frase: “O Santa Cruz sem João
Caixero é manco.”
Nesta
sexta-feira, 7 de janeiro, tenho certeza disso.
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