Por Fernando Azevedo-Pixoto
O CLÁSSICO DO CUPIM
Meu sábado pela manhã era frequentemente passado no “Cantinho de Eládio”, uma dependência no fundo da casa, onde os amigos se encontravam. Seguramente eu era o mais jovem do grupo. Ouvia histórias fantásticas e engraçadíssimas. Claro que a rivalidade maior era com fatos de Náutico e Sport. Mas valia até o Íbis. Na década de 50 ou até mais um pouco, só entravam em campo os 11 que iam jogar. Não havia substituição. Se um jogador se machucasse ou fosse expulso, o time jogava com 10, nove, o ponta-esquerda ia ser goleiro. E ia por aí. Numa decisão de campeonato, um craque do Náutico sofre uma contusão no treino. E não daria para recuperar-se para o jogo final. Os jogos eram só aos domingos. Tentou-se um adiamento, mas as regras eram rígidas. Impossível a sua recuperação.
Como para tudo existe
remédio, surge a ordem do cupim na trave. Seu Adolfo e seu Mané Lopes,
funcionários do futebol do clube, receberam a ordem de adoecer a trave do lado
da Rua da Angustura, com cupim. Bem tarde da noite, cavaram o chão e serraram a
base da trave, tendo o cuidado de repor a areia e a grama, impedindo qualquer
perícia. Todos sabem que o cupim é silencioso.
Tarde de domingo, campo cheio.
Torcidas nervosas, e o Náutico sem seu maior goleador. Grande expectativa. Um
dos atletas, coadjuvante da peça teatral, se encosta na trave e a barra desaba.
Impossível recuperá-la. Jogo adiado para o domingo seguinte, com uma barra nova.
Tempo exato para a recuperação do nosso artilheiro, e mais um campeonato ganho
pelo Timbu. Como era puro e ingênuo o futebol.
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