Por Fernando Azevedo
O LEON DE RICARDO DIEZ
Ricardo Diez, técnico uruguaio |
“Eu me lembro com saudade o tempo
que passou” (Roberto Carlos). Essa é a sensação que sinto, quando recordo o
quanto era romântico o nosso futebol. Nada de empresários, patrocinadores,
camisas com cores extranhas às nossas, etc. Os jogadores eram nossos amigos.
Assistiam os treinos de basquete, viviam na sede. A figura do técnico também
não era misteriosa. Ricardo Diez, uruguaio, bom de papo, era um deles. Eládio
gostava de conversar na área onde hoje é o bar. Várias cadeiras eram ocupadas
pelos diretores, atletas como eu, ali se discutiam coisas importantes e sem
importância. O Pajé adorava uma brincadeira.
Numa noite se discutia a necessidade de um centroavante goleador para compor o time principal. Ricardo Diez apresenta a solução: Martin, “um leon dentro da área”. A conversa evolui, e finalmente é decidida a contratação do ”Martingol”, como seria chamado nos dias de hoje.
O leon não agrada nos
primeiros treinos. Nada de gol. Vamos aguardar a adaptação ao futebol pernambucano, diziam os otimistas.
Chegou a hora de dispensá-lo. É quando percebo o quanto o uruguaio era bom.
Passou a cantar e tocar violão na Boate Samburá, em Boa Viagem, onde eu também cantava
acompanhado por Bamba, um dos maiores pianistas que conheci. As senhoritas
ficavam encantadas com os boleros de Martin, que assim ganhava seu cachê e
gratuidade amorosa. Era um leon dentro da área realmente.
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