IVAN GANCHO
Por Fernando Azevedo
Basquetistas alvirrubros no tradicional banho à fantasia, no Carnaval |
Ivan Gancho ou Ivan Ganchinho, como queiram. Era uma figura adorável. Nunca atirou uma bola no basquete, que não fosse de gancho. Para os que não sabem, gancho é atirar ao bola ao cesto em posição lateral, tocando quase a dobra do cotovelo na cabeça. Sua maior frustração era não ter ido para a Segunda Guerra Mundial. Era soldado e estava de plantão no dia que o caminhão levou os colegas. Não houve pistolão que desse jeito.
Gostava do
perigo e em dias de muita chuva, no inverno, ia para o quintal da casa com um
ciscador para o alto pra ver se existia mesmo o tal do raio.
O
trabalho não era o seu forte. Herdou do pai uma firma de cupinicida, e as más
línguas diziam que ele andava com um casal de cupim numa caixa de fósforo, e se
o cliente não aceitasse a imunização da casa, soltava os bichinhos e voltava
dois meses depois.
Morava
perto da Encruzilhada e ia ao Náutico diariamente para jogar basquete e sinuca.
Chegava às 15 e saía às 23 horas, quando o clube fechava.
Conversando
com Tonho Maria sobre a situação financeira de Ivan Gancho, resolvi pedir ao “tenente”
Eládio um emprego na secretaria do clube ou em outro departamento. Depois de
tudo detalhado, o Pajé aceita meu pedido e fomos eu, Tonho e Ivan para a conversa
final.
Diz
Eládio:
– Seus amigos
falaram sobre sua situação e vou atender o pedido deles. Onde o senhor que
trabalhar?
– Eu não pedi
emprego e não posso trabalhar aqui.
– Por quê?
– pergunta o presidente.
– Não tenho
tempo.
As gargalhadas
se sucediam e Ganchinho ficou livre para a bola sete e seu famoso gancho.
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