Zoada do povão tricolor 52 anos atrás e o estático Luciano
Em pé, Ari, Birunga, Zito, Zé Júlio, Norberto e Pedrinho; agachados, Nivaldo, Luciano, Mirobaldo, Facó e Fernando Santana |
Alô, tricolores e demais amigos e amigas, um memorável fato do passado vou relembrar. É a história de uma tarde de domingo do dia 31 de agosto de 1969, portanto, de há 52 anos.
Perto de acabar o jogo decisivo do Campeonato Pernambucano daquele ano, acho que aos 37 minutos do segundo tempo, Luciano que o chamei certa vez, e ficou para sempre, de "A Maravilha do Arruda", cobrou uma falta quase no ângulo do goleiro Miltão, do Sport. Foi perto e de frente da área da barra ao lado do Country Clube e contrária à da entrada do Estádio dos Aflitos. A bola entrou, o Santa Cruz venceu por dois a um e foi campeão, título que abriu a série de cinco conquistas seguidas da competição estadual, 69 a 73, do meu querido tricolor. O cearense Facó, hoje amigo do cantor Fagner, fez um a zero numa batida certeira da intermediária do time rubro-negro. O centroavante alagoano Duda, de cabeça, empatou. Os dois gols no primeiro tempo.
O time do Santa Cruz: Pedrinho, um carioca vindo do desativado América de Fortaleza; Norberto, que se machucou no começo da partida, depois Reginaldo, Birunga, o alagoano Zé Júlio e Ari. Este era do Rio e veio do Vasco; O caruaruense, acho que da Rua Bahia, Zito, que foi chamado um dia num avião por Pelé, de Peito de Pombo, apelido validado até os dias atuais, e o pesqueirense Luciano; Fernando Santana, o cearense Facó, o sergipano Mirobaldo e Nivaldo. Curioso é que o técnico Gradim mudou quase todo o ataque em relação ao terceiro jogo. Na partida anterior, a linha avançada foi formada por Cuíca, Fernando Santana, Rubem Salim e Givanildo. Na final, dos quatro só estava Santana, com a camisa sete. Pouco mais de 15 mil torcedores assistiram ao clássico apitado pelo célebre árbitro da época, Armando Marques. Era comum a vinda de juiz de fora para apitar jogos importantes daqui. Armando era do Rio.
O craque Luciano, avesso a comemorações na hora do gol (Foto: reprodução internet) |
Além da torcida do Sport, obviamente, somente duas pessoas não comemoraram no estádio, o inesquecível gol do Clube das Multidões.
Eu e Luciano. Eu porque estava impedido de manifestar toda a minha alegria por ser repórter da Rádio Jornal do Commercio. E por qual razão Luciano não vibrou? Hoje, a alguns dias de completar 73 anos, recolhido a sua moradia no bairro do Ibura, no Recife, ele explica por telefone, a razão da surpreendente atitude:
– Não ligava pra isso. Nunca comemorei um gol!
Pois é, Luciano era assim.
Quanto a mim, comemorei à noite, não lembro em qual bar, talvez na Nova Portuguesa ou no Savoy. Recordo que foram muitos goles de cerveja. Eita saudade dos tempos românticos do nosso futebol de outrora.
Como era gostoso ser campeão naquela época!
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